O coordenador do Departamento Científico de Neurologia Infantil da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), Dr. Alexandre Ribeiro Fernandes, dá um panorama da incidência das doenças neurológicas na infância.
“Entre as condições neurológicas mais comuns, estão as epilepsias, as desordens de comportamento, considerando tanto o transtorno hiperativo com déficit de atenção, quanto desordens do neurodesenvolvimento, como o transtorno do espectro autista, paralisia cerebral e a cefaleia, que também é uma coisa muito frequente na prática do neuropediatra”, explica Fernandes.
Uma das principais causas neurológicas que levam uma criança à emergência é a crise epilética. Segundo o médico, estudos apontam que cerca de 30% das crianças com algum problema neurológico, também apresentam epilepsia.
Diagnóstico frequente do TDAH
Em segundo lugar, entram as questões comportamentais, como o TDAH – transtorno hiperativo com déficit de atenção. “É uma condição muito comum e a prevalência varia muito. Na Europa, gira em torno de 3% a 5%. Mas os estudos americanos falam em 10%, 12% de prevalência de transtorno de TDAH.
E é algo que impacta bastante”, informa o médico. Segundo Fernandes, muitas vezes pode acontecer o diagnóstico mais frequente do TDAH nas classes A e B e menos frequente nas classes mais populares. “Talvez haja um sub diagnóstico por uma questão de infraestrutura do SUS, até para acolher as crianças de renda mais inferior. E uma desatenção da escola também para criança hiperativa”, analisa.
Sobre o autismo
Com relação ao autismo, o transtorno está cada vez mais sendo diagnosticado por conscientização da sociedade, por amplificação de critérios. É uma desordem comportamental muito comum. “Uma em cada 63 crianças podem ter transtorno do espectro autista”, diz o médico.
Paralisia cerebral também é importante. A paralisia cerebral é uma desordem motora decorrente de uma lesão ao cérebro que está em desenvolvimento. “Geralmente ela acontece em dois a três para cada mil crianças nascidas vivas em países em desenvolvimento.
Tem um estudo do Paquistão, de 2023, que fala em 10% de prevalência. Isso tem a ver diretamente com a assistência pré-natal. Boa parte das paralisias cerebrais são decorrentes de um pré-natal que poderia ter sido mais bem feito.”
E há as cefaleias
Dentre as cefaleias primárias da infância, a enxaqueca é a mais comum, seguida da cefaleia de tensão, cefaleia tensional. E sempre lembrando que os tumores cerebrais, os tumores do sistema nervoso, os tumores do cérebro são os tumores sólidos mais comuns na infância.
Muitas vezes o sintoma inicial é a cefaleia, e cefaleia de intensidade crescente com vômito. “É muito importante estar atento às dores de cabeça na infância. Sempre importante lembrar que pode ser um sinal, um sintoma de um processo expansivo, e aí eu estou falando de um processo expansivo tumoral intracraniano”, alerta o médico.