Como são grandes influenciadores no comportamento e qualidade de vida das pessoas, é por isso que se dedica a estudar e desenvolver técnicas que demonstram os pontos positivos e negativos dos espaços físicos e apresenta as soluções necessárias para tornar um ambiente assertivo através da neurociência e estudo do comportamento humano.

Termo recente

A Neuroarquitetura para muitos é um termo recente e pouco conhecido, porém já faz parte da vida dos profissionais da arquitetura há bastante tempo. Ele simplifica a soma de duas ciências muito importantes para a sociedade: neurociência e arquitetura, responsável por nos ajudar a compreender como os ambientes podem influenciar no comportamento humano.

Se tratando de um ambiente escolar, onde seu principal objetivo é promover o aprendizado e desenvolvimento dos alunos, existem alguns outros parâmetros que precisam ser observados, como por exemplo: o compromisso da instituição para com os alunos, o conteúdo que é ensinado, a metodologia abordada e a relação entre o professor e o aluno dentro da sala de aula. Dessa forma, a estratégia do espaço construído passa a ter como objetivo a experiência do aluno. O primeiro passo para se criar uma estratégia que faça com que a comunicação entre ambiente e ser humano seja assertiva e positiva, é identificar uma linha de comportamento do usuário, podendo ser observada num contexto geral.

Metodologia de ensino Tradicional

Neste caso o aluno não é uma figura ativa no processo de aquisição de conhecimento, e tem a sua experiência no ambiente escolar limitada ao conteúdo que é transmitido pelo professor, além de precisar obedecer a uma hierarquia rígida de autoridade e ser submetido a avaliações de memorização de conteúdo.

Analisando esses parâmetros, entendemos que esse aluno está constantemente exposto a situações de estresse, sendo uma característica bastante relevante em sua linha de comportamento.

Dessa forma, a estratégia do espaço construído deve ter o objetivo de equilibrar e diminuir os níveis de estresse desses alunos, como por exemplo: criando ambientes que estimulem o contato com a natureza, o sistema cognitivo e as emoções positivas.

Metodologia de ensino Construtivista

Já no método de Ensino Construtivista, onde aluno participa ativamente do seu processo de aprendizado e o conhecimento é construído e não adquirido, o professor é um facilitador e incentivador e não existe uma hierarquia rígida de autoridade, percebemos um perfil comportamental bastante diferente daquele que se encontra na metodologia Tradicional, por exemplo.

Considerando a metodologia Construtivista para adotar estratégias de comunicação assertiva e positiva entre o espaço construído e os alunos, o ambiente precisaria estimular o desenvolvimento e conhecimento individual, com espaços que ofereçam essa troca entre os indivíduos, para que um possa contribuir no desenvolvimento do outro, por exemplo.

Método de ensino Montessoriano

O aluno compreende a sua individualidade e tem sua autonomia estimulada a todo tempo pelo ambiente, conteúdo e atividades adotadas, ele enxerga o professor como quem organiza e lidera as atividades, participando de maneira construtiva no aprendizado, portanto, o aluno que se desenvolve nessa realidade absorve informações com maior estímulo cognitivo, se tornando um indivíduo mais imaginativo e empático.

Certamente, para criarmos uma relação positiva entre esse aluno e a sala de aula, os estímulos cognitivos serão peças fundamentais nessa comunicação, além de precisarmos estimular através do ambiente que o aluno possa ter suas individualidades respeitadas e consideradas.

Método de ensino Waldorfiano

A base são as fases do desenvolvimento humano, e ensina com foco no estímulo a criatividade por meio do brincar e atividades lúdicas de maneira personalizada; o pensamento crítico e raciocínio dos alunos são construídos por eles mesmos e o professor é um tutor que os acompanha  por vários anos.

Normalmente os pais dos alunos tem uma participação mais próxima desse desenvolvimento, e a sala de aula acaba sendo vista como uma fraternidade.  Nessa metodologia é possível observar uma linha comportamental diferente de todas as outras, onde os alunos são educados de maneira mais emocional, portanto, o ambiente construído precisa contribuir com essa metodologia de ensino.

Estímulos sensoriais, cognitivos, o contato com a natureza e o contato entre os alunos precisam ser valorizados dentro da sala de aula por meio da arquitetura, através de um layout bem organizado, texturas e cores encontradas na natureza, assim como odores positivos que remetem a memórias afetivas fraternas, por exemplo.

Método de ensino Sócio-Interacionista

O aluno é visto como alguém que tem uma história, que veio de algum lugar e carrega consigo as suas experiências.

O ensino é dado por meio de atividades em grupo, sempre voltadas à linguagem e relacionamento interpessoal e o professor é o mediador dessas atividades, quem cria o enredo daquele conhecimento a ser adquirido.

Um traço significativo da linha comportamental dos alunos que estão expostos a esta metodologia é o senso de relacionamento e comunicação, esses alunos entendem a importância do aprender com o outro e o respeito pela história do outro, portanto, para que o ambiente construído possa contribuir de maneira positiva para essa metodologia, as salas de aula podem estimular essas interações e relacionamentos através da organização do espaço, assim como a utilização de texturas étnicas e ambientes híbridos, por exemplo.

E MAIS…

A Biofilia oferecendo aos alunos uma experiência positiva

Na perspectiva da neurociência e estudo do comportamento humano, os seres humanos são muito mais inconscientes do que conscientes, e muitos comportamentos que consideramos conscientes são na verdade o resultado de uma herança comportamental da evolução da nossa espécie.

Quando enxergamos o ser humano como uma espécie e passamos a observá-lo como se estivéssemos vendo qualquer outro animal na natureza, é possível notar alguns desses comportamentos herdados e compartilhados por todos nós; a sensação de conforto e emoção positiva que sentimos ao estarmos expostos a elementos da natureza, por exemplo, pois é uma herança comportamental, isso considerando apenas o ponto de vista do ser humano como espécie, e não como indivíduo que carrega uma bagagem.

A nossa espécie vive em ambientes construídos há pouco mais de seis mil anos, antes disso ela vivia em total contato com a natureza, ou seja, esse é o habitat natural da espécie humana.

A partir dessa constatação observada por vários cientistas, adotou-se uma técnica na arquitetura chamada “Biofilia”, que tem como objetivo reestabelecer essa conexão natural do ser humano com a natureza para promover maior bem estar e emoções positivas no relacionamento entre ser humano x espaço construído.

Psicólogos, médicos e neurocientistas comprovam que, ao estarmos em contato com a natureza, ficamos mais felizes, produtivos, criativos e mais propensos à resolução de problemas. Trazer a Biofilia para dentro da sala de aula é boa estratégia, independente da metodologia de ensino, através de iluminação natural, plantas, ventilação, materiais naturais que exalam odores naturais, texturas, cores e sons da natureza.

Através de pequenas intervenções espaciais é possível promover grandes experiências, um grande erro de quem não entende como funciona o relacionamento do ambiente com o comportamento humano, é achar que apenas grandes interferências precisam ser feitas para que bons resultados possam surgir desse relacionamento. Um difusor de odores, uma janela maior, uma plantinha em cima da sua mesa, um pequeno aquário, cores e texturas, entre outras pequenas estratégias, são capazes de criar grandes significados para as pessoas. O importante é se conhecer como espécie e como indivíduo, assim você começa a entender o que cada ambiente te comunica ou precisaria te comunicar.