Na fase pré-escolar, o professor de educação infantil, abrindo espaço para que a criança faça o seu brinquedo, deve ter em mente, o ensinamento de Piaget (1994) quando diz: “Cada vez que ensinamos algo a uma criança, estamos impedindo que ela descubra por si mesma, por outro lado, aquilo que permitimos que ela descubra por si mesma, permanecerá com ela”.
Já a palavra brincadeira, remete à idéia de ação e movimento. É uma linguagem que mantém um vínculo essencial com aquilo que é o não-brincar.
Brincar é coisa séria
A brincadeira, de um modo geral, ajuda as crianças a serem alegres, comunicativas, desembaraçadas, a cultivar seu bom humor, a defender seus pontos de vista e a buscar aceitação no grupo lúdico.
A brincadeira sendo uma ação que ocorre no plano da imaginação, aquele que brinca tem o domínio da linguagem simbólica. Não se trata de uma atividade inerte, mas sim uma atividade social e humana e que supõe contextos sociais, a partir dos quais as crianças recriam a realidade através da utilização de sistemas simbólicos próprios.
Mas, mesmo sendo uma situação imaginária, a brincadeira não pode dissociar suas regras da realidade. A brincadeira também envolve os tradicionais brincar de roda, ciranda, pular corda, amarelinha, esconde-esconde etc que são maneiras de estabelecer contato consigo próprio e com o outro, de se sentir único e, ao mesmo tempo, parte de um grupo.
É por meio das brincadeiras que as crianças começam a desenvolver a capacidade de refletir sobre as várias situações que envolvem a vida cotidiana e de expressar suas emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades que ainda não conseguiram esclarecer com palavras.
Desenvolvimento de habilidades
Oferecer oportunidades diárias de se exercitarem ao ar livre e com brinquedos como escorregador e gangorra valoriza a crescente capacidade psicomotora das crianças.
E as brincadeiras que envolvam canto e movimento, simultaneamente, possibilitam a percepção rítmica, a identificação de segmentos do corpo e o contato físico, auxiliando o desenvolvimento de suas capacidades expressivas.
Já as brincadeiras de roda ou de danças circulares favorecem o desenvolvimento da noção de ritmo individual e coletivo, uma vez que as brincadeiras em grupo devem ser estimuladas, pois a criança, em geral, tem grandes dificuldades de socialização.
Com relação aos jogos de regras, estes são valiosos para o desenvolvimento de capacidades corporais de equilíbrio e coordenação, mas também trazem a oportunidade das primeiras situações competitivas, ajudando as crianças a desenvolver uma atitude de competição de forma saudável.
Ao fazer isso, os pequenos entendem que com a aplicação das regras, os limites podem ser revistos, e ainda desenvolvem conceitos de respeito às regras, tudo isso de uma maneira prazerosa.
A criança aprende várias lições ao jogar jogos; e a mais importante delas é que perder não é o fim do mundo e que há sempre a possibilidade de ganhar na próxima vez.
Experiências novas
Assim, o lúdico proporciona à criança experiências novas, na medida em que esta erra, acerta, reconhecendo-se como capaz, como também desenvolve na criança sua organização espacial e amplia seu raciocínio lógico quando exige dela estratégias de planejamento, estimulando sua criatividade.
Propor que a escola de educação infantil reflita sobre jogos e brincadeiras é uma tarefa básica para que possa estruturar uma ação pedagógica que respeite e propicie o desenvolvimento integral das crianças.
Brinquedo é trabalho de criança, atividade através da qual ela se desenvolve, descobre seu papel, seu lugar e seu limite, experimenta novas habilidades e forma um verdadeiro conceito de si mesma. É brincando que a criança aprende a distinguir seus desejos e fantasias da realidade.
(Piaget, 1932)
É por meio das brincadeiras que as crianças começam a desenvolver a capacidade de refletir sobre as várias situações que envolvem a vida cotidiana e de expressar suas emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades que ainda não conseguiram esclarecer com palavras.
Imaginação e criatividade
Quando a criança tem oportunidade de vivenciar brincadeiras imaginativas e criadas por elas mesmas, conseguem acionar seus pensamentos para a resolução de problemas que são importantes e significativos para elas. Nesse sentido, a criança constrói um espaço de experimentação através da ação de brincar.
Nas atividades lúdicas, esta aprende a lidar com o mundo real, desenvolvendo suas potencialidades, incorporando valores, conceitos e conteúdos.
Também nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes tais como atenção, imitação, a memória e a imaginação; além de favorecer a auto-estima, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa.