Quando um ano se inicia, reacende-se uma esperança, que se assenta nas proposições erigidas no ano finalizado.  É como se fosse uma nova chance de viver os sonhos que se reúnem num pacote de desejos de fim de ano, à espera que as ondas do mar levem tudo de ruim e possam voltar com chances renovadas, depositando, na areia de nossos corações, novas alegrias.  Então, debruçados na vontade de alcançar mudanças, vamos buscar aqueles sentimentos que aguardamos ver na praia, inutilmente. Não estão lá! Os sentimentos bons ou maus, felizes ou não, a força do pensamento capaz de mover montanhas, encontram-se no cérebro, precisamente, próximo à memória para assegurar que cada acontecimento possa se associar a uma lembrança, a um estímulo que nos empurre pelo caminho a percorrer.

Faz sentido que a campanha por uma cultura da Saúde Mental, planejada desde 2014, aconteça no mês de janeiro. 

Todas as nuances se escondem

Banco é a cor da beleza inocente que transcende e reflete todas as cores do espectro. Branco representa a presença de lutas diárias, na busca de fazer prevalecer a paz! Branco é a cor da luz porque todas as cores, que se misturam em equilíbrio.  Na paleta da vida, cores infinitas também se debatem para encontrar a paz, tão sutilmente, que o branco pode ocupar o lugar de todas as cores ao girarmos a paleta com rapidez, fazendo com que todas as nuances se escondam, inibidas diante de olhos tristes, sem colorido à sua frente, deixando a dor que toma o seu lugar.  A paz pode desaparecer diante de nós, sem nos darmos conta do momento em que as cores desapareceram.  A OMS estima que quase um bilhão de pessoas no mundo vivem com transtornos mentais e uma pessoa morre a cada 40 segundos por suicídio. Com a pandemia esses índices aumentaram o adoecimento emocional da população.

A pandemia afetou a Saúde de todo o mundo! E a Saúde não representa apenas a ausência de doenças, garante a OMS. Saúde é bem-estar!

Mal do século

A Saúde Mental é um direito de todos, mas ainda recebe pouca atenção em função de preconceitos ou tabus que fazem com que não sejam oferecidos atendimentos, como se dores emocionais fossem menos doloridas ou mais fáceis de solucionar.  Saúde Mental se relaciona com felicidade, impossível de atingir, quando faltam os hormônios de recompensa que nos deixa com uma percepção positiva do mundo que nos cerca. A Serotonina, por exemplo, neurotransmissor da alegria, do bom humor, é oposto a rotinas automáticas.

Sua produção fisiológica é promovida por lembranças boas, por planos positivos ou pelo riso, situações agradáveis, enfim.  Mas, às vezes, isso não ocorre no dia a dia de muitas pessoas, mesmo que elas não entendam o que aconteceu. Basta lembrar que a Depressão, considerada o “mal do século” pela Organização Mundial da Saúde, permanecendo como um desafio.  A depressão é um transtorno comum, mas sério, que interfere na vida diária, na capacidade de trabalhar, dormir, estudar, comer e aproveitar a vida. É causada por uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos. Em todo o mundo, estima-se que mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofram com esse transtorno, que obviamente, afasta as pessoas da felicidade.

E o que é a felicidade?

Alguma fórmula mágica ou algum meio de sobrevivência com qualidade?  Claro que não! Felicidade é uma escolha, uma tomada de decisão. Felicidade não é um caminho reto, sem curvas ou emoção. Ao contrário, é justamente o equilíbrio entre os desafios e as consequências que diferencia o resultado.  Esse equilíbrio, no entanto, pode depender de características próprias, genéticas ou de interferências do meio.  É a conscientização, que pode combater tabus, mudar paradigmas, e inspirar a sociedade e suas autoridades a respeitar as questões relacionadas às ações que promovam mentes saudáveis.  As Neurociências se ocupam desses males ocasionados pelas simples vivências diárias ou por um trauma intenso, mas cabe refletir que existem recursos diversos de recuperação, frequentemente, e se, simplesmente, forem respeitadas as necessidades de cada um a partir de uma visão voltada para essa condição, muitos transtornos que atolam a pessoa na tristeza, incompetência e desadaptação podem ser vencidos ou contornados. 

A grande virada do Janeiro Branco é a porta que se abre, que inclui possibilidades às diversas pessoas, porque, na atualidade, se sabe da plasticidade cerebral, dos inúmeros recursos de aprendizagem e reabilitação, que permitem a todos um lugar ao sol, se tivermos consciência disso.  Assim, não se envergonhe de ter dúvidas, não sofra sem se dar uma chance de buscar os novos conhecimentos em Saúde Mental. Junte-se a tantos guerreiros que anualmente tentam fazer do Janeiro Branco um momento de cuidar da Saúde total! A Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) garante que não há Saúde sem Saúde Mental. Em vez de seguir, sempre igual, vamos começar o ano cuidando mais de nossa saúde e colaborando com a campanha pela Saúde Mental para que todos possam encontrar a paz, que está na interpretação das situações que vivemos, levando-as para o otimismo de corpos e mentes saudáveis!

E MAIS…

Os problemas de Saúde mental podem bloquear a vida com qualidade?

Sim, é o que acontece!  E eles podem acontecer em qualquer fase da vida!  Crianças e adolescentes não estão livres de sofrer de baixa autoestima, sentimentos de incapacidade, ansiedade ou agressividade.  Adultos que lutam diariamente contra a corrente de problemas que ameaçam a capacidade de viver bem, precisam ser compreendidos e orientados. Idosos, experientes, estão sujeitos à invisibilidade, como se o seu tempo tivesse acabado, antecipadamente, em contradição àquele corpo que teima em respirar.  E todos nós, ao procurarmos ignorar ou supervalorizar essas características, estamos longe de oferecer ajuda.  É preciso compreender que o próprio especialista precisa avaliar os sintomas presentes para orientar adequadamente.  Para isso, existe um imenso arsenal de exames psicológicos, psiquiátricos, neurológicos, fonoaudiológicos, fisioterapêuticos, psicopedagógicos, entre outras áreas que podem estar comprometidas em relação à Saúde Mental.

Isso acontece porque todos os processos mentais, que resultam em percepção, aprendizagem, sentimentos e comportamentos, são originados no cérebro, o grande maestro da orquestra que rege a música que nos move em nossos passos coordenados ou não, com a sociedade que nos cerca.