Uma pesquisa de doutorado em Fisioterapia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) está convidando pais ou responsáveis por crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) de todo o Brasil para participarem de estudo que pretende avaliar a participação e os fatores ambientais desse público.

A participação é online e a expectativa é levantar como essas crianças e adolescentes se integram em atividades da família, escola e comunidade e os fatores que podem facilitar ou prejudicar essa participação.

Fatores ambientais

A pesquisa é conduzida pela doutoranda Rosa Fonseca Angulo, sob orientação de Nelci Adriana Cicuto Ferreira Rocha, docente do Departamento de Fisioterapia (DFisio) da UFSCar e coordenadora do Laboratório de Análise do Desenvolvimento Infantil (Ladin) do DFisio.Rosa Fonseca explica que a participação é conhecida como a frequência com que a criança ou adolescente está presente em diferentes situações da vida (casa, escola e comunidade) e o quanto está envolvida/motivada.

Nesse caso, os fatores ambientais que podem influenciar a participação são: físico (presença de rampas, qualidade do ambiente, como ruídos ou iluminação), atitudinais (atitudes individuais da família, como os pais, amigos, professores) e sociais (apoios e o relacionamento e os serviços que eles frequentam).

“Assim, estes fatores podem atuar como barreiras, ou seja, restringir ou até impedir a participação da criança/adolescente no contexto onde convive ou podem atuar como facilitadores, auxiliando a participação da criança/adolescente com TEA“, relata a doutoranda.

Ela exemplifica situações cotidianas que podem impactar essa participação em diferentes locais: “quando a criança ou adolescente está na escola e não consegue ficar por muito tempo porque tem muito barulho, ou quando frequenta o supermercado com a mãe, o barulho ou a presença de muitas pessoas impedem a sua permanência ou seu envolvimento para interagir com outras pessoas”.

Diagnóstico de TEA

De acordo com o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, uma em cada quatro crianças é diagnosticada com TEA. Os EUA são o único país que faz o acompanhamento do TEA no neurodesenvolvimento.

No Brasil, os dados oficiais são de 2010 e indicam mais de 2 milhões de casos de TEA em território nacional. Diante desse grande contingente, este estudo é importante porque auxiliará o conhecimento sobre como crianças e adolescentes com o transtorno participam no contexto da casa, escola e na comunidade, bem como ajudará a identificar as barreiras e os facilitadores que se encontram no entorno da criança.

“Isso permitirá que os profissionais que atendem esse público foquem em estratégias de intervenção voltadas a mudanças ambientais e que favoreçam o pleno desenvolvimento e qualidade de vida da população com TEA”, reforça Rosa Angulo. A pesquisadora expõe que a expectativa do estudo é identificar se os componentes relacionados com a saúde (fatores ambientais, habilidades funcionais e o processamento sensorial) são preditores da participação em crianças e adolescentes com TEA.

“Assim, conseguiremos identificar um perfil de funcionalidade de crianças e adolescentes com o transtorno e estes resultados ajudarão os profissionais de saúde e familiares a desenvolverem estratégias de intervenção e adaptações do ambiente que ajudem a melhorar a participação da criança e adolescentes com TEA”, pontua. Rosa Angulo destaca que este é o “primeiro estudo que realizará uma relação entre a participação e os componentes relacionados com a saúde, no contexto do TEA”. Além disso, dados relacionados com a participação e os fatores ambientais serão comparados entre um grupo de crianças e adolescentes residentes no Brasil e na Colômbia.

Informações sobre a Pesquisa

Para desenvolver o estudo, pais ou responsáveis por crianças e adolescentes com TEA, de qualquer região do Brasil, são convidados a responder questionários online e conceder entrevistas por telefone, que serão agendadas conforme disponibilidade de cada participante.

As pessoas interessadas em contribuir com a pesquisa podem fazer contato com a pesquisadora pelo WhatsApp (13) 99699-4545.