Após um longo período de trabalho home office em função da pandemia do novo coronavírus, estou tendo dificuldades para retornar ao trabalho presencial agora que grande parte das empresas está exigindo novamente a presença de seus funcionários. Minha preocupação não está relacionada à possibilidade de contaminação, mas acabei criando uma rotina diferente no meu cotidiano, mesclando atividades do lar com atividades de trabalho. Como vencer essa resistência ao retorno do trabalho presencial já que ele é necessário para eu manter meu emprego?

Neste cenário, de tempos de pandemia, nós temos quatro tempos e vamos falar de cada um para que você possa se situar.

1º O tempo do antes: tudo corria normalmente sem grandes preocupações, a rotina era a mesma que se automatizou em nossas vidas.

2º O tempo do durante: pegou todo mundo de surpresa e, com a pandemia, surgiu o medo de estar em ambiente fechado e a primeira reação foi a negação. Frases do tipo: “Não acredito que isto acontecendo logo agora! Logo no primeiro emprego! E agora?”. Instalaram-se a dúvida e o medo. As empresas que estavam mais na vanguarda, em pouco tempo, começaram a adotar o home office. As outras vieram com o tempo, mas é claro nem todas as funções foram beneficiadas com a situação.

3º O tempo do retorno: ao trabalho presencial e com ele os aborrecimentos.

4º O tempo da readaptação do retorno ao trabalho: então vamos ver como resolver a situação.

Primeiro pense o seguinte, o poder de decisão não está em sua mão. Sendo assim, só resta acatar as ordens.

Sugestão às empresas: por que não fazer esse retorno de forma gradativa, para que as pessoas possam ir se adaptando aos poucos? Isso é possível, basta boa vontade das empresas.

Cabe uma observação: não seria mais econômico para as empresas manter home office ou um sistema híbrido, já que elas não teriam gasto com ajuda de transporte e alimentação e outras despesas? Será que as empresas precisam realmente de todas seus colaboradores de forma presencial?

Para o funcionário, o mesmo economizaria combustível, desgaste do carro, perda de tempo no trânsito, haveria menos estresse e ele estaria mais próximo da família.

Mas deixando essas coisas de lado, pois elas são apenas dicas para se negociar com as empresas. Pensando em você: na hipótese de não haver nenhuma postura favorável da empresa e você ter que retornar ao trabalho, não há ansiedade pelo que me parece. Em vez disso, vem a raiva, mas que seja uma raiva da indignação que leva à aceitação consciente ou da negociação.

Resumindo o que foi exposto: no início, entramos em conflito e, com o passar do tempo, nos acomodamos com o novo jeito de prestar serviço. Agora, com essa nova situação, se entrarmos em conflito, vamos criar um círculo vicioso. Temos que optar pela fase de reassimilação, ir tomando contato aos poucos com a rotina.

Programa-se mentalmente para o reinício, faça o caminho de ida e volta no meio ou no final de semana, pare em frente ao local de trabalho e diga: “Amanhã ou tal dia eu estarei de volta”.

Lembre-se: todos ou a grande maioria estarão na mesma situação. É assim que farei no retorno às minhas conferências. Não é fácil, contudo é dessa forma que funciona. Se você deixar o braço na tipoia por um mês e retirar o gesso, não poderá movimentá-lo de imediato, terá que se exercitar gradativamente; e é assim que devemos fazer e esperar que as empresas também possam pensar de outra maneira.

Ué! Onde é que está o “novo” novo? Ficou velho de repente. É preciso usar a criatividade nessas horas. Concluo com uma frase do professor Henrique José de Souza (1883-1963): “O verdadeiro homem é aquele que não fica radicado nas mesmas ideias”.