Gostaria de saber como escolhemos alguém para um relacionamento, porque parece que sempre escolho a pessoa errada e nunca percebo isso na hora, só um tempo depois?

Não acontece só com você. É tema recorrente no consultório. “Aquilo a que você resiste, persiste”, dizia Jung. Repete o mesmo tipo de relação com quem quer que seja o par amoroso. Você escolhe o tipo de relação errada e não a pessoa errada. Muda a pessoa e, em pouco tempo, percebe que a relação é igual a todas anteriores.

Por menos romântico que pareça, nossas escolhas não são exatamente nossas. Há pesquisas que demonstram a passividade de nossa consciência. Assim como a internet é apenas uma ferramenta usada para comprar um produto, mas a decisão de comprar é da pessoa em frente ao computador. Segundo Freud, agimos e escolhemos conforme nossos desejos inconscientes.

Apaixonar-se, ter nojo de um inseto e se sentir mal em um ambiente são coisas que não decidimos. Simplesmente acontece. A consciência humana não exerce controle sobre os impulsos que estão em nossa mente. O que nos desperta emocionalmente em relação a alguém tem origem em nossas vivências de infância. Escolhemos a pessoa que vai propiciar que tenhamos um certo tipo de relacionamento.

Somos afetados por características das pessoas que fazem parte de nosso contexto infantil. O sexólogo norte-americano John Money diz que, desde o início de nossas vidas, desenvolvemos um mapa mental que determina aquilo que despertará nossa sexualidade e desejos. Portanto, o mapa que determina nossa escolha do par amoroso (e de outras tantas coisas) está pronto antes de fazermos nossa escolha. E nossa consciência não tem conhecimento ou acesso a esse mapa.

Nossas experiências infantis criam condicionamentos. Assim, crianças que foram muito amadas e acarinhadas se tornam adultos que amam generosamente. E aquele indivíduo com dificuldade para sentir e expressar amor, muito provavelmente foi negligenciado na infância.

Esquemas iniciais desadaptativos, formados na infância e adolescência, determinam um padrão que não escolhemos. Às vezes, é transgeracional. Ao longo de várias gerações, o histórico de infidelidade ou de ciúme patológico se repete.

Melhorar implica mudar. Resistimos, temos medo de lidar com o que está disfuncional em nós mesmos. Mas enquanto o esquema desadaptativo aprendido no início de nossa vida não receber nossa atenção, viveremos um eterno looping.

Na psicoterapia, paciente e psicoterapeuta partem em busca de conhecerem esses motivos inconscientes, esses padrões, as crenças, os scripts predeterminados, a fim de alcançar condição para escolher e se relacionar de outra forma, resultando em relações mais funcionais e mais saudáveis. Considere a ideia de buscar um auxílio e dar a si mesmo a oportunidade de viver plenamente sua capacidade de amar.