A paixão pode ser entendida como uma síndrome engloba vários estados mentais, como euforia, pensamentos obsessivos envolvendo a pessoa amada, elevada energia e desejo de união emocional.

Esses ingredientes são resultado de reações químicas que envolvem diferentes mecanismos do cérebro de homens e mulheres. Isso influencia, em grande parte, o comportamento sexual e a forma estabelecer vínculos afetivos.

Ambiente hormonal

A principal diferença se deve ao ambiente hormonal esteroide, que é radicalmente diferente entre os sexos. O homem tem muita testosterona e quase nada de estrógenos. Não são cíclicos, como as mulheres, que têm pouca testosterona e muito estrogênio e progesterona. O efeito desses hormônios sobre o cérebro, o sexo, o amor, a paixão e a maternidade são óbvios.

Pesquisa realizada pelo psicólogo Thiago Almeida, da USP, e publicado no livro “O conceito de amor: um estudo exploratório com uma amostra brasileira” concluiu que homens são mais propensos a relacionar amor com sexo do que as mulheres. As mulheres, por sua vez, associam mais frequentemente o amor ao romance.

Outra diferença marcante é que as mulheres têm o hipocampo, uma parte do encéfalo responsável pelas memórias, maior que o homem e, por isso, ficam recorrendo constantemente e revisitando fatos do passado que, aparentemente, para o homem tem pouca importância.

Questões cerebrais

Fica então a questão: é possível uma mulher uma atitude mais masculina na paquera? Segundo o neurocientista Renato Sabbatini, é possível que algumas mulheres tenham cérebro masculino, apresentando, por exemplo, personalidade marcante, talento para matemática e orientação espacial mais acurada.

A hipótese é que, durante o desenvolvimento no útero, em uma fase crítica do desenvolvimento do cérebro, quando fetos, elas tenham sido expostas a um nível maior de testosterona da mãe. “São mulheres geralmente com as emoções mais estáveis e pouco influenciadas pelo ciclo menstrual, a TPM”, afirma. O neurocientista lembra que, quando as mulheres entram na menopausa e os hormônios femininos caem drasticamente, essas características consideradas masculinas se reforçam.

A fêmea do Homo Sapiens foi programada para ter longevidade até os 40 anos. Então, no nosso passado, as mulheres nunca chegaram a passar pela menopausa, o que era algo desconhecido em grande parte das mulheres. “Só que agora a mulher é mais longeva do que o homem, quando, no passado, morria cedo devido a acidentes no parto.

A natureza, sábia, desliga os hormônios do amor e libido na mulher pós-menopausa. Mas não no homem, garantindo a reprodução da espécie”, diz Sabbatini.

Desliga por quê?

As mulheres deixam de possuir óvulos disponíveis e tampouco apresentam ciclo menstrual. Elas nascem com cerca de 1.500 a 2000 óvulos e gastam todos até os 50 anos de idade. Depois dessa fase, não são mais férteis. Biologicamente as fêmeas primatas deixam de reproduzir a partir de uma certa idade, e os machos dominantes logo se ligam, no seu harém de fêmeas, às mais jovens, que ainda são férteis.

Nos primatas em geral, fêmeas incapazes de reproduzir são marginalizadas e acabam morrendo por “negligência social” (os machos não as sustentam mais). A mulher que não tem filhos é mais vulnerável na velhice, mas isso não vai impedir que tenha uma vida de sucesso. A mulher tem 30 anos de fertilidade e o melhor período, o mais saudável para ter filhos, é entre os 25 e 35 anos. Os óvulos ainda estão viáveis e têm poucos defeitos genéticos nos filhos.

Por que mulher prefere homens mais velhos? Pela estabilidade emocional e financeira. O psicólogo evolucionista norte-americano David M. Buss, da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, e sua equipe procurou identificar os efeitos da cultura e do sexo nas preferências de parceiros usando amostras coletadas em todo o mundo. 

O que é mais atraente?

Em seus estudos, o cientista concluiu que há algumas diferenças de gênero no que homens e mulheres acham atraente em um companheiro. Os homens tendem a ser mais atraídos pelo físico de uma parceira aparência, particularmente sinais de juventude e beleza, enquanto as mulheres são mais inclinadas a ser atraídas por homens com dinheiro, educação ou posição.

Os sistemas neurais também variam de acordo com o gênero e determinam diferenças nas fantasias sexuais. Um estudo realizado pelo psicólogo evolutivo americano, Bruce J. Ellis, da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, e o antropólogo americano Donald Symons, estudioso da sexualidade humana, entrevistou 182 estudantes do sexo feminino e 125 do sexo masculino sobre suas fantasias sexuais. 

Os resultados mostraram diferenças sexuais substanciais. Segundo os pesquisadores, em Homo Sapiens, o desejo sexual masculino é estimulado a um maior grau por estímulos visuais do que o impulso sexual feminino, homens usam pornografia visual com mais frequência do que as mulheres. Elas, por sua vez, são mais sexualmente estimuladas por palavras românticas, imagens e temas em filmes e histórias.

Tabus clássicos

Por que homem despreza mulher fácil?  Ora, porque ele está sempre sob a ameaça da infidelidade! Se ela é fácil para ele, pode ser para outros. Por que fidelidade é importante? Nesse ponto a cultura domina. Nos hominídeos o macho tem que ter certeza que o filho é dele, para não ter que sustentar os genes de outro macho.

Segundo Buss e o psicólogo David P. Schmitt, da Universidade Bradley, nos Estados Unidos, as mulheres foram programadas para serem mais sensíveis para perceberem parceiros capazes de obter e investir recursos na prole, sendo um relacionamento de longo prazo mais vantajoso para elas. Já o homem precisa ter certeza de que a prole na qual está investindo é sua. Caso não seja, o custo para ele será elevado, tornando os relacionamentos de curto prazo mais vantajosos, pois as chances de fertilizar um maior número de parceiras aumentariam, com um baixo investimento.