Na busca por tentar se preencher, pertencer a algo ou a alguém, as pessoas acabam se enquadrando e se encaixando em padrões. Aqui refiro-me também às relações amorosas nas quais queremos nos adequar ao parceiro ou à parceira como uma certa forma de garantia, imaginando que, assim, não seremos abandonados ou substituídos, porque somos de fato o que ele(a) precisa. Quando falamos de fantasia na psicanálise, estamos falando do que é realidade para cada sujeito. Então, para cada um, aquela fantasia tem um sentido, um motivo para fazer o movimento e a ação de querer e desejar estar na posição submissa na relação.

A pessoa que se relaciona com alguém dependente emocionalmente detém o poder da relação, se sente dominante e, muitas vezes, é manipuladora, podendo controlar não só a relação amorosa, mas também todas as outras situações. Já o ganho do indivíduo dependente é estar na condição de ser cuidado, ser amparado, ser amado, de alguma forma, bem ou mal.

Ao que parece e pela sociedade imediatista em que vivemos, estamos, sim, mais dependentes uns dos outros emocionalmente falando. Essa busca por pertencimento e essa demanda de amor a todo instante nos fazem cair em armadilhas afetivas e em relações com alta intensidade de adrenalina, ou seja, que estejam em looping e em busca de efeitos de dopamina, por exemplo: relações com conflitos e desentendimentos constantes, com términos e retornos a todo instante. Isso acaba fazendo com que cada vez mais estejamos “presos” aos nossos parceiros de forma imaginária.

A fragilidade das pessoas para lidarem com suas emoções também é algo que pode estar causando essa dependência. Então uma forma de lidar com ela é aprender a externar as emoções de forma mais saudável, baseando-se em uma comunicação assertiva com seu(sua) parceiro(a), assim como trabalhar a autoestima. O investimento em nós mesmos ajuda a lidarmos de forma mais saudável com o investimento no outro. Aprender a melhorar a autoconfiança também pode ser um caminho para relações menos dependentes e mais saudáveis.