O isolamento social em função de uma pandemia é novo para todo o planeta. Estamos tendo que lidar com variáveis desconhecidas e tendo que nos adaptar a novas rotinas, necessidades e cuidados. A mobilização em torno das ações higiênicas e da construção de uma ética do cuidado com o outro tem monopolizado as mídias de forma geral. É momento de apreensão, insegurança e medo, que só podem ser vencidos com antídotos como serenidade, fé e persistência.
É momento em que todas as áreas estão se repensando no sentido de buscarem sentido no que fazem e produzem, e não poderia ser diferente com a Educação. Qual o papel da Educação nesse difícil momento em que as pessoas estão, de certa forma, imobilizadas e apreensivas com relação ao futuro? Precisamos nos remeter à etimologia da palavra educar que vem do latim “educare”, “educere”, que significa literalmente “conduzir para fora” ou “direcionar para fora”. O significado do termo (direcionar para fora) era empregado no sentido de preparar as pessoas para o mundo e viver em sociedade, ou seja, ‘conduzi-las para fora” de si mesmas, mostrando as diferenças e desafios que existem no mundo.
É, no mínimo, interessante lembrar que essa parece ser a grande tarefa do homem nesse momento: sair de si e enxergar o mundo, percebendo-o em todas as suas diferenças e encarando os desafios que surgem. É para isso que serve a Educação. Parece óbvio que a escola não pode ficar isenta nesse momento e que não fazer nada não pode ser uma opção.
Extremos
Temos que evitar a sedução dos extremos radicais. De um lado, há escolas dizendo que nada mudou, apenas que as aulas passaram a ser pelo computador no mesmo horário das aulas presenciais, ignorando todas as variáveis que assumem papel determinante para o sucesso dessas aulas. Do outro, educadores bradando que não podem fazer nada, dada a falta de condições técnicas e emocionais.
Sugiro nos inspirarmos nos profissionais da saúde que, mesmo correndo risco de vida, superam-se e continuam ajudando a salvar pessoas. Façamos da melhor maneira possível, mas não deixemos de fazer! Diante da seriedade do momento, precisamos dar o melhor que podemos e não “fugirmos à luta” para fazermos valer a essência do ato de educar, que é ajudar nossos alunos a acreditarem que existe um amanhã que nos aguarda.
Ensino remoto é desafio para professores
Sabemos de todas as dificuldades que gestores e professores estão enfrentando para implementar o ensino remoto, que é um processo novo e desconhecido para quase todos. Não há estrutura de internet banda larga, não há computadores nas residências, e nós, professores, não somos treinados para o uso da tecnologia. Em nenhum momento estamos negando esses obstáculos. Quando afirmamos que a escola não pode se omitir, estamos lembrando que precisam ser obstáculos, não impedimentos. Obstáculos precisam e podem ser vencidos. Onde a internet não chega, podemos pensar em material impresso. Várias redes estão dando aulas pela TV em canais abertos, outras estão utilizando rádios comunitárias.