Esse esforço não passa despercebido pelos colaboradores: muitos reconhecem que as mulheres têm, de fato, mais oportunidades de crescimento.

Contudo, o mais recente relatório Women in the Workplace, realizado pela Lean In | Deloitte, revela nuances importantes desse progresso nos EUA — e, ao analisarmos esses dados, podemos identificar similaridades com o mercado brasileiro.

A pesquisa envolveu 281 organizações que empregam mais de 10 milhões de pessoas e incluiu a participação de mais de 15 mil funcionários e 280 líderes de RH.

Ela destacou barreiras específicas enfrentadas por mulheres de diferentes perfis, incluindo mulheres negras, latinas, asiáticas, LGBTQ+ e com deficiência.

Estágios da carreira

Apesar de avanços, ainda há muito o que evoluir, principalmente nos estágios iniciais da carreira, onde as mulheres continuam sub-representadas.

Nos EUA, as mulheres ocupam hoje 29% dos cargos de liderança (C-suite), um avanço em relação aos 17% registrados em 2015. Mas é preocupante observar que, no início da jornada corporativa, essa evolução é muito mais lenta.

Para cada 100 homens promovidos ao primeiro cargo de gerência, apenas 81 mulheres conseguem a mesma oportunidade — e para mulheres negras, essa cifra cai drasticamente.

E o Brasil não fica muito distante dessa realidade. Segundo um levantamento recente da consultoria Grant Thornton Brasil, a presença de mulheres em cargos de liderança no país é de apenas 37%, o que reforça a necessidade de ações contínuas para garantir equidade real no mercado.

Cenário brasileiro

No cenário brasileiro, onde as mulheres já representam mais da metade da população economicamente ativa, ainda vemos uma forte concentração em áreas de suporte como RH, jurídico e comunicação.

Esses dados refletem os desafios apontados no relatório da Deloitte: muitas empresas têm optado por criar novas funções em áreas de apoio para aumentar a representatividade feminina, mas isso, sozinho, não é sustentável a longo prazo.

Se olharmos para o ritmo atual de progresso, o caminho para a paridade total ainda é longo no mundo todo.

Para acelerar essa jornada, será preciso mais do que boas intenções: é fundamental que as organizações invistam em estratégias que promovam igualdade real desde os primeiros níveis de carreira.