Significa que sabemos identificar e lidar com nossos sentimentos, que nossa interação social e relacional é saudável e que sentimos satisfação em todas as áreas de nossa vida (ou que sabemos lidar com aquelas coisas que queremos ou precisamos mudar).

Sendo assim, questões relativas à nossa saúde física, ao convívio familiar, a vida financeira, ao trabalho, aos estudos, enfim, tudo que está ao nosso redor e faz parte de nossa vida, interfere em nossa saúde mental. E não apenas isso.

Questões relacionadas ao nosso perfil psicológico como as questões de personalidade, nosso temperamento e história de vida também são pontos relevantes de se conhecer e observar.

Desmistificação dos tabus

Vê-se de cara que a questão não é simples. Isso porque o ser humano é complexo e não podemos reduzi-lo a uma visão simplicista e minimalista. Este aspecto é algo fundamental na desmistificação dos tabus relacionados ao suicídio, por exemplo.

Quando se renega e se age com preconceitos no que tange à saúde emocional, favorece-se o desespero e a desesperança de quem já está em sofrimento. 

Como também fica difícil ajudar o potencial suicida a ter uma visão mais ampla, que permita que ele encontre outras soluções para a dor que ele carrega. No final das contas, todo suicida quer se livrar de dores. Fazê-lo compreender que existem caminhos mais saudáveis para isso é nossa missão, e para tanto, precisamos ajudar essa pessoa a entender a natureza de sua vida emocional.

Favorecer o autoconhecimento e estratégias de enfrentamento saudáveis e adaptadas é favorecer a saúde mental, que livra a pessoa do suicídio.

Tratamento multidisciplinar

Quando uma pessoa está pensando em atentar contra si mesmo, e isso vale também para casos de automutilação, ela esta desconectada de si, como se sua vida não fosse mais importante.  É por isso que é comum que tais pessoas deixem de ter um aspecto mais saudável e até de higiene. O descuido consigo pode se dar por atitudes imprudentes, comportamento promíscuo e desprevenido, uso de substâncias ilícitas, entre outros. Ou seja, o paciente potencialmente suicida é uma pessoa que (de forma explícita ou apenas no âmago de seu ser) está desiludido, quebrantado, sofrendo.

Por isso, o processo de tratamento multidisciplinar é tão importante.  Ajudar essas pessoas a lidar com os eventos traumáticos do passado e com aqueles que são estressores no presente, levar a pessoa fazer as pazes com a vida, acolher para curar é o que nós como sociedade e profissionais (das diversas áreas) devemos fazer.

Porém, também podemos e devemos fazer todo esforço necessário para que a promoção da qualidade de vida seja acessível a todos. Muito do adoecimento emocional é fruto de uma vida inteira de descuido com aspectos e necessidades emocionais que todos deveríamos atentar e aceitar que são parte de quem somos.

Necessidades emocionais

Nossas necessidades emocionais são tão verdadeiras quanto às nossas necessidades fisiológicas.  Pena que nem todos validam-nas. Somos seres integrais. Nosso corpo e nossa mente caminham juntos e precisamos cuidar de ambos.  Desse modo, atentar para a saúde física, ter qualidade de sono e boa alimentação, ter acesso ao autoconhecimento profundo, viver socialmente com pessoas que amamos, fazer atividades que gostamos, saber dizer não e conseguir parar quando necessário, etc., são alguns exemplos do que devemos observar para ter saúde mental (e integral).

Quando nos conhecemos e entendemos nossas potencialidades e também nossas limitações, quando entendemos que não podemos carregar o mundo nas costas como Atlas e nem temos como lidar com todas as demandas exigidas por outros (como as exigências e manipulações emocionais de pessoas toxicas), então abrimos um espaço na nossa vida para a saúde mental.

E MAIS…

Sofrimento emocional profundo

Ao longo de minha trajetória profissional vi inúmeras vezes pessoas em sofrimento emocional por conta de duas questões básicas: falta de autoconhecimento profundo  e emaranhamento pessoal/histórico com outros (muitas vezes pessoas não saudáveis). 

Quando nos entendemos, sabemos como e porque funcionamos, passamos a utilizar nossas potencialidades a nosso favor. Todos temos habilidades, competências e condições que podem nos ajudar quando as descobrimos. A capacidade de lidar com o estresse e entender porque/quando não temos tal facilidade nos ajuda a enfrentar os desafios da vida.

Por outro lado, aprender sobre como fomos criados, qual o contexto, com que pessoas e diante de quais condições, também ajuda muito a ressignificar padrões de pensamento e comportamento que tantas vezes nos aprisionam. 

Todo mundo tem uma história.  Todo mundo tem uma vida. Mas, nem todo mundo dá valor para aquilo que pode adoecer emocionalmente às pessoas. Infelizmente!

Então, que tal tentarmos fazer a diferença no mundo e ajudar a difundir esse conhecimento?  Que tal sermos agentes de mudança da promoção da saúde física, mental, emocional, relacional, financeira? E que tal não fazermos isso apenas em um mês específico do ano?

Seja um instrumento de cura enquanto você mesmo vive plenamente sua saúde mental e emocional.

Referências
FREUD, Sigmund. Obras completas. Rio de Janeiro: Imago, 1987.
KUBLER-ROSS, Elisabeth.   Sobre a morte e o morrer. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
ROGERS, Carl. Tornar-se pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
________. Sobre o poder pessoal. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
YOUNG, Jeffrey. Terapia Cognitiva para Transtorno da Personalidade: Uma abordagem focada no esquema.