Segundo o estudo, uma longa vida pós-reprodutiva não se deve apenas aos recentes avanços na saúde e na medicina.
O artigo retoma a Hipótese da Avó – a ideia de que, por meio de seus esforços, as avós maternas podem aumentar sua aptidão ajudando a melhorar a sobrevivência de seus netos, permitindo que suas filhas tenham mais filhos.
Esses efeitos de aptidão ajudam a garantir que o DNA da avó seja transmitido.
Transferências intergeracionais
No artigo, os pesquisadores pegam o cerne dessa ideia – transferências intergeracionais, ou compartilhamento de recursos entre velhos e jovens – e mostram que ela também desempenhou um papel fundamental na força da seleção em diferentes idades.
O compartilhamento de alimentos em sociedades não industriais talvez seja o exemplo mais óbvio.
Muita comida deve ser adquirida e compartilhada para levar as crianças ao ponto em que possam se defender sozinhas e serem membros produtivos do grupo.
Os adultos preenchem a maior parte dessa necessidade com sua capacidade de obter mais alimentos do que precisam para si mesmos, uma estratégia de abastecimento que tem sustentado as sociedades pré-industriais por eras e também transportada para as sociedades industrializadas.
Seleção positiva
Em nosso modelo social, o grande excedente que os adultos produzem ajuda a melhorar a sobrevivência e a fertilidade de parentes próximos e de outros membros do grupo que também compartilham sua comida de maneira confiável
A descoberta mostrou que o excedente fornecido por adultos mais velhos também gera seleção positiva para sua sobrevivência.
Por volta dos setenta anos, caçadores-coletores e agricultores acabam absorvendo mais recursos do que fornecem.
Além disso, em meados dos setenta, a maioria de seus netos não será mais dependente, e assim o círculo de parentes próximos que se beneficiam de sua ajuda é pequeno.
Mas comida não é tudo. Além de serem alimentadas, as crianças também são ensinadas e socializadas, treinadas em habilidades e visões de mundo relevantes.
A interdependência
É aqui que os adultos mais velhos podem dar suas maiores contribuições: embora não contribuam tanto para o excedente de alimentos, eles acumulam uma vida inteira de habilidades que podem aplicar para aliviar o fardo dos cuidados com as crianças para os pais, bem como conhecimento e formação que podem transmitir aos netos.
A “utilidade” dos mais velhos ajuda a garantir que eles também recebam dos excedentes, proteções e cuidados de seu grupo.
Em outras palavras, a interdependência funciona nos dois sentidos, do velho para o jovem e do jovem para o velho.
Assim, o estudo sugere que a longevidade humana é realmente uma história sobre cooperação.
Avós chimpanzés raramente são observadas fazendo algo por seus netos.
Além disso, confirma que grande parte do enorme valor de nossos anciãos permanece inexplorado.