O Parkinson é uma das principais doenças neurodegenerativas, caracterizados por causar rigidez muscular, tremores, dificuldade de movimentação e equilíbrio, a doença ainda não tem cura e suas causas ainda não estão bem estabelecidas. No entanto, um novo estudo feito por um grupo de pesquisadores da Mayo Clinic (EUA), divulgado pela revista médica Jama Network Open, a realização da ooforectomia bilateral profilática – cirurgia que retira ambos os ovários da mulher – em pacientes com menos de 43 anos pode estar associada ao desenvolvimento de Parkinson e parkinsonismo.
O estudo baseou-se em dados de registros de saúde do Rochester Epidemiology Project que incluía informações de 2.750 mulheres submetidas à retirada dos ovários por condições benignas, como cistos e endometriose, e outras 2.749 que não passaram pelo procedimento. Segundo os resultados obtidos, a cada 48 mulheres com menos de 43 anos que realizaram a cirurgia, uma mulher adicional teve doença de Parkinson.
No entanto, de acordo com o neurocirurgião Bruno Burjaili, não é necessário pânico, mas apenas ponderar com o médico essa informação na hora da decisão de passar por esse procedimento. “Não é o primeiro estudo a falar sobre isso. Já sabemos que o Parkinson acontece com maior frequência nos homens do que nas mulheres, sugerindo um elemento hormonal feminino como fator de proteção, que ainda não entendemos muito bem. Também sabemos que outros riscos poderiam estar associados à retirada dos ovários, como demência, depressão, ansiedade, AVC, doenças cardíacas e fraturas”, afirma o médico.
“Como tudo em medicina e, eu diria, na própria vida, a grande questão é pesar os riscos e benefícios de cada uma das opções e, assim, tomar uma decisão esclarecida. Isso deve ser feito com o seu médico. Quer dizer que, se o risco que eu estou tentando evitar ao optar pela cirurgia for maior do que o possível risco da doença de Parkinson, prosseguir com o procedimento pode ser sábio. O que precisamos evitar é a retirada de ovários sem os critérios adequados”, complementa. Destaca, ainda que são necessários mais estudos para entender melhor essa relação e como deve ser ponderada na tomada de conduta.