O Parkinson é uma das doenças neurodegenerativas mais comuns e ainda não tem cura, mas uma nova possibilidade de tratamento está sendo analisada por um time de pesquisadores da University College London (UCL) para identificar a eficácia do medicamento ambroxol em retardar a progressão do Parkinson.
O ambroxol é normalmente utilizado para o tratamento de doenças respiratórias, mas ensaio clínico feito no Reino Unido, que embasou os novos estudos sobre o medicamento, indicam que ele ajuda a potencializar a produção de glucocerebrosidase (GCase), enzima que ajuda a quebrar gorduras e proteínas, mas que, no Parkinson, sofre uma queda significativa.
De acordo com o neurocirurgião Bruno Burjaili, que já esteve na UCL para estudar a técnica de marca-passo cerebral no Parkinson, essa possibilidade pode ajudar no tratamento da condição.
“A glucocerebrosidase é uma enzima que ajuda a ‘limpar’ o cérebro de proteínas maléficas, como a alfa-sinucleína defeituosa que se acumula nas células, o que tem ligação com o surgimento do Parkinson, e a utilização do ambroxol para estimular essa enzima pode ser uma importante técnica para auxiliar no tratamento doença.”
Segundo Bruno, há algum tempo têm sido feitas pesquisas que buscam substâncias para aumentar ou estimular a glucocerebrosidase, o que acabou levando ao ambroxol. “Chegar a essa nova fase de testes, com mais de 300 participantes, vai ajudar a entender melhor os benefícios práticos do medicamento na quebra de proteínas ligadas ao desenvolvimento do Parkinson. Também será importante checar se as doses propostas são, de fato, seguras, porque são bem maiores do que as utilizadas na tosse”, afirma.