Por conta de preconceitos que giram e torno da doença, quem sofre de depressão, muitas vezes se sente envergonhado de falar sobre isso ou até mesmo demora muito para buscar ajuda especializada.

Em 17 de junho de 2023, em Genebra, a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou sua maior revisão mundial sobre saúde mental (World mental health report), desde a virada do século. Esse trabalho detalhado, de quase 300 páginas tem como objetivo, oferecer um plano para governos, profissionais de saúde, acadêmicos, sociedade civil, e outros com a pretensão de apoiar o mundo na transformação da saúde mental. Isto quer dizer que o mundo tem parado para pensar na saúde mental e no quanto a falta de saúde mental pode ter impactos negativos que irão afetar a população, e consequentemente, claro, a economia mundial.

Em países de alta renda, apenas um terço dessas pessoas recebe cuidados formais de saúde mental, enquanto em países de baixa renda, e de baixa e media-baixa renda, varia entre 23% e 3%, ou seja, muito pouco.

Recorde nada agradável

Pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Chile, apontaram o Brasil como sendo o país com as mais altas taxas de depressão da América Latina.

Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas no mundo, de todas as idades, sofram de depressão. Em média, cerca de 12% das pessoas na América Latina apresentarão a doença ao longo da vida, enquanto no Brasil esse número chega a 17%. O número de brasileiros que atualmente sofrem com a doença está acima das estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), que apontam para cerca de 5% dos adultos do mundo.

Preconceito ainda presente

Por ser um transtorno mental frequente, a depressão pode não ser levada a sério, principalmente em se tratando de um episódio leve, que a pessoa tende a arrastar os sintomas pela vida a fora.

Essa doença apresenta grande interferência na vida diária, isto é, afeta a capacidade de trabalhar, de dormir, de estudar, de se alimentar, de usufruir de uma vida plena. Uma pessoa com depressão deixa de aproveitar seu potencial criativo, e seu funcionamento no cotidiano fica pesado e muito sofrido. E por desconhecimento a pessoa acaba encarando esses fatos com certa normalidade, como se a vida, de algum modo, fosse assim mesmo, sem esperança. E deste modo, passam a viver sem prazer ou alegria pela existência.

Questão séria, profunda e intensa

A depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo e contribui de forma importante para a carga global de doenças.
A depressão pode ser desencadeada por uma variedade de fatores, como predisposição genética, desequilíbrios químicos no cérebro, eventos traumáticos, estresse crônico, problemas de saúde física, abuso de substâncias ou simplesmente uma combinação desses fatores, é diferente de estar entediado ou triste. Ficar triste, entediado ou chateado, faz parte de lidar com as frustrações impostas pela realidade, mas a depressão não é isso.

A depressão é algo profundo, intenso, frequente e muitas vezes silencioso, que vai retirando a vitalidade da pessoa lentamente. É importante ressaltar que a depressão não é sinal de fraqueza ou falta de vontade. Ela é uma condição médica legítima que pode afetar qualquer um e por isso, é fundamental buscar ajuda.

Os sintomas variam de pessoa para pessoa e os mais frequentes são os sentimentos persistentes de tristeza, dificuldade de aproveitar ou estar conectado com o momento presente, falta de energia, perda de interesse pelas relações sociais ou por atividades anteriormente prazerosas, dificuldades de concentração, ansiedade, irritabilidade constante, alterações de sono e apetite, sentimento de inutilidade, pensamentos negativos de morte e suicídio, entre outros.

Intensidade dos sintomas

A depender da intensidade dos sintomas, um episódio depressivo pode ser categorizado como leve, moderado ou grave. Por exemplo, uma pessoa com episódio depressivo leve apresentará alguma dificuldade em continuar um trabalho simples e atividades sociais, mas sem grandes prejuízos ao funcionamento geral. Entretanto, durante um episódio depressivo grave, é improvável que a pessoa afetada possa continuar com suas atividades sociais, de trabalho ou doméstica.

E MAIS…

Tratamento adequado

É fundamental entender que a depressão não é algo que a pessoa pode “superar” por conta própria, existe tratamento adequado.

Os tratamentos disponíveis incluem a psicoterapia, atividade física e em alguns casos a combinação com medicamentos.

Com o apoio adequado, muitas pessoas conseguem retomar sua vida de forma plena e significativa.

É sempre importante lembrar que sem saúde mental não há saúde.