O estudo foi conduzido por psicólogos evolucionistas do Instituto de Psicologia (IP) da USP e da University of Auckland, Nova Zelândia.
Na iminência de surtos da doença, gestoras de países como Alemanha, Nova Zelândia, Taiwan e Noruega reagiram rapidamente, implementando medidas restritivas, campanhas de orientação à população e foram mais empáticas em seus pronunciamentos, resultando em menores taxas de casos e mortes por Covid-19.
Foco nas líderes femininas
O artigo publicado na Frontiers in Psychology: “Pandemic Leadership: Sex Differences and Their Evolutionary–Developmental Origins”, mostrou que as líderes femininas estiveram mais focadas em minimizar o sofrimento humano causado pelo vírus sars-cov-2, enquanto líderes masculinos se preocuparam mais em criar políticas que impactassem menos a atividade econômica.
Segundo o estudo, as mulheres, em média, apresentam um estilo de liderança voltado para o relacionamento interpessoal e tendem a ser líderes mais comunais, intuitivas, sensíveis e empáticas; enquanto os homens apresentam, em média, um estilo de liderança voltado para as tarefas. Em geral, homens se arriscam mais, são mais competitivos, têm menor nojo e baixo cuidado com a saúde, são mais focados em objetos do que pessoas, têm menor inteligência emocional, são mais narcisistas, maquiavélicos e têm maior psicopatia (subclínica) do que as mulheres. Elas, por sua vez, são em média mais empáticas, focadas em pessoas, hipervigilantes e ansiosas quanto a perigos, têm aversão ao risco, têm maior nojo e aversão a patógenos e à contaminação, têm maior atenção com a saúde própria e alheia, vocação para cuidar e atuar na área da saúde, e têm maior preocupação com o sofrimento e com o bem-estar financeiro das pessoas.
Sucesso feminino na liderança
Segundo o psicólogo evolucionista Marco Antonio Corrêa Varella, pós-doutorando do Departamento de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia da USP e um dos autores do estudo, essas diferenças psicológicas podem não só ajudar a explicar o sucesso feminino na liderança pandêmica, mas também a explicar por que as mulheres, em geral, usam mais máscara, ficam mais em casa e respeitam mais do que os homens as restrições e recomendações epidemiológicas para diminuir a transmissão viral.