A guerra dos sexos acontece desde que o mundo é mundo e no ambiente de trabalho ela continua ativa e predatória.  

Um trabalho feito pela pesquisadora americana Hills (2011), intitulado Reading and using body language in your medical practice: 25 research findings. EUA, The Journal of medical practice management, apresenta o resultado de 25 estudos sobre a importância da linguagem corporal no ambiente de trabalho na área de saúde. Um desses estudos é focado, exclusivamente, nos gestos e posturas femininas e como eles influenciam na mensagem que a mulher passa em seu ambiente de trabalho.

O artigo de Hills destaca o estudo do autor Goman (2008 apud HILLS, 2011) e apresenta, de forma prática, instruções de como as profissionais e membros de uma equipe podem aproveitar melhor a comunicação não verbal ao transmitir mensagens efetivas e apropriadas aos colegas de trabalho. Principalmente as mulheres que ocupam cargos de gestoras.

Status de liderança

Hills aponta comportamentos não verbais que podem diminuir o status de liderança de uma mulher. Todos os líderes são julgados por sua linguagem corporal, mas o estudo tomou como foco os gestos femininos para que as mulheres líderes possam estar atentas à forma como são percebidas como detentoras de poder, confiantes e que possuam credibilidade por meio de seus comportamentos não verbais. Segundo Hills, as mulheres, sem saber, exibem posturas que reduzem sua autoridade porque apresentam uma naturalidade aos comportamentos de vulnerabilidade e submissão. E não dizemos aqui que elas sejam vulneráveis ou submissas, mas que carregam em seu DNA essas características relacionadas ao lado mais maternal próprios do universo feminino, independente do perfil mais caloroso ou mais pragmático de uma mulher.

O fato é que o inconsciente fala por meio da linguagem não verbal e alguns gestos podem desfavorecer a postura de uma mulher no exercício da liderança no ambiente de trabalho.

Mensagens inconscientes     

a) Inclinar demasiadamente a cabeça para o lado. Esse gesto é muito comum entre as mulheres, mas, também pode ser notado em homens. Sugere submissão principalmente quando ela estiver conversando com alguém do sexo oposto.

b) Minimizar os movimentos ocupando menos espaço. Muitas mulheres possuem uma conduta regular de tentar ocupar o menor espaço possível durante um processo comunicacional. Essa postura cria a atmosfera de um certo grau de desconforto e insegurança. Manter os braços alinhados com o corpo pode ser uma estratégia para evitar esse perfil de exibição da linguagem corporal no ambiente corporativo.

c) Gesticular com pacificação para diminuição do estresse. Os gestos de pacificação servem para diminuição do estresse. Movimentos como: esfregar as mãos, tocar o pescoço ou acariciar o próprio braço. Os mais comuns, no entanto, são os já conhecidos tamborilar dos dedos sobre a mesa, movimentar repetidas vezes o calcanhar ou a ponta dos pés, mexer nas joias como pulseiras, relógio ou brincos. De uma forma mais atual, o smartphone também pode servir como elemento de alívio de tensão em certos momentos no ambiente de trabalho.

d) Sorrir excessivamente, principalmente quando se discute algo sério. Infelizmente, o mundo corporativo possui certas restrições ao sorriso simpaticamente emitido por muitas mulheres. Embora seja excelente no universo social, no ambiente profissional sorrir demais pode levar ao descrédito.

e) Balançar o corpo em momentos de estresse. Tanto o homem, quanto a mulher demonstram insegurança e ansiedade quando estão parados, em pé, balançando o corpo como um pêndulo. Trata-se de um movimento que tenta apaziguar os ânimos, praticamente simulando o balançar do berço infantil. O que se espera desse movimento natural é igualar o ritmo cardíaco ao do corpo.

f) Articular, aumentando o tom de voz ao final das frases que não são perguntas. As mulheres, quando estão articulando a fala verbalizada no intuito de convencer alguém de algum argumento, geralmente o fazem aumentando o tom de voz no final das frases que não são, de fato, interrogativas. Essa maneira de vocalizar as falas deve ser evitada, principalmente se a mulher ocupa um cargo de gestão. Para correção desse hábito, deve-se gravar as próprias comunicações para ouvir depois e fazer uma autoanálise.

g) Esperar muito tempo em silêncio antes de voltar a falar dentro de uma conversação, especialmente quando se trata de uma negociação, também passa uma imagem de indecisão e insegurança. Trata-se de um vício de linguagem mais comum no sexo feminino, mas que também pode ocorrer em homens com baixa autoestima. Pode ser corrigido apenas com uma maior atenção a esse pequeno detalhe.

h) Usar muitos gestos com as mãos, sendo muito expressiva. Movimentar muitos os braços, desenhando no ar enquanto fala, é também um sinal de insegurança por dois motivos:

Primeiro: passa a ideia de querer convencer o outro de qualquer forma.

Segundo: esses movimentos de braços acima do tórax são similares aos movimentos de ataque ou defesa: demonstra um certo grau de agressividade ou medo na articulação.

  1. Apertar as mãos delicadamente (aperto de mão). Para não parecer bruta ou agressiva, as mulheres de uma forma geral, não possuem um aperto de mão firma. E essa é a pior coisa que pode acontecer em uma apresentação: perceber que o outro possui uma mão fria e distante na hora do cumprimento.  Passa uma impressão de profundo desinteresse. O aperto de mão deve ser firme e caloroso para mostrar segurança.

Outros estudos afirmam que 93% da nossa comunicação não é verbal. Portanto, a maior parte é realizada apenas por meio de gestos, postura, expressões faciais e movimentos dos olhos. A linguagem corporal pode parecer abstrata, mas ela é tão importante para a comunicação quanto o próprio domínio da linguagem verbal e pode ser muito útil para o nosso progresso pessoal e profissional. O corpo fala!  

E MAIS…

Postura de valorização ao universo feminino

Conquistas femininas exigiram posturas firmes e, hoje, mesmo com o enfrentamento de preconceitos, estão no inconsciente coletivo e são linguagens de empoderamento para a mulher assumir lugares antes nunca pensados ou permitidos. 

Na Grécia antiga, a mulher era considerada um ser imperfeito e deveria ser completamente submissa aos homens. Aqui no Brasil colonial, a sexualidade feminina era tomada como o objetivo de Leis do Estado, da Igreja, e da regulação dos país. O modelo patriarcal e a Igreja criaram uma fórmula para o papel da mulher: casta, doméstica, silenciosa, obediente, com a função primordial de esposa e da maternidade. Durante muito tempo, a mulher era desprovida de capacidade jurídica, não tinha direito a voto e era castigada de inúmeras formas.

Historicamente, podemos perceber uma grande diferença nas posturas corporais masculinas e femininas. Olhar as conquistas em uma linha temporal nos demonstra como o precipício é realmente fundo quando se trata da valorização e das conquistas femininas:

OLIMPÍADAS – Somente em 1932 temos uma primeira atleta brasileira a participar. Foi a nadadora Maria Lenk na época com 17 anos.
VOTO FEMININO – Também em 1932, com a elaboração do primeiro Código Eleitoral do Brasil é que a mulher adquire o direito do voto.

PÍLULA ANTICONCEPCIONAL – Em 1962, tem início do uso da pílula anticoncepcional no Brasil. Dois anos após os EUA já ter começado a comercializar em agosto de 1960. No entanto, até os dias atuais, várias denominações religiosas não aceitam a utilização desse método.

NA POLÍTICA – Recentemente, em 1997, foi sancionada a lei que garante o mínimo de 30% de mulheres candidatas durante as eleições.

LEI MARIA DA PENHA – Em 2006, foi sancionada a lei que julga crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher, com medidas de prevenção e proteção às vítimas.

REFERÊNCIAS:
ACAMPORA, B. Power Vênus, E-Book publicado em 2020. Pode ser acessado e baixado gratuitamente em: https://www.isec.psc.br/wp-content/uploads/2020/05/POWER-VENUS-LIVRO-2020.pdf
HILLS, L. Reading and using body language in your medical practice: 25 research fndings. EUA, The Journal of medical practice management [8755-0229], vol:26 iss:6 p. 357-362, 2011. Disponível em: <http://bit.ly/1U7N45J>. Acesso em: 18 jan. 2016.
OLIVEIRA, J. A linguagem corporal no ambiente da saúde. São Paulo: Pimenta Cultural, 2019. Pode ser baixado gratuitamente no formato de e-book em: https://www.isec.psc.br/wp-content/uploads/2020/05/A-LINGUAGEM-CORPORAL-NO-AMBIENTE-DA-SAÚDE-PROF-DR-JOÃO-OLIVEIRA.pdf