Psicólogo especialista em relacionamentos, escritor e youtuber Marcos Lacerda explica como diferentes ideologias podem afetar a liberdade e a individualidade nos relacionamentos.

Pesquisa feita pelo Tinder, aplicativo de relacionamento, revelou que política não apenas se discute como é fator decisivo para novas relações afetivas. Desde 2020 até agosto deste ano, o número de perfis que mencionam a palavra “política” dobrou e isso foi observado nos usuários de 18 a 25 anos. O dilema entre relacionamento amoroso x diferenças políticas tem sido um dos assuntos mais debatidos do momento.

Mas, afinal, como namorar alguém que pensa politicamente diferente? É possível evitar brigas por esse motivo? Relações compostas por duas ideologias diferentes tendem a tirar a liberdade de opinião do outro?

Segundo Marcos Lacerda, é natural que haja essa discussão, porém essas DRs vão muito além da política. “O que está em jogo não é apenas política, o que está em jogo são valores e visões da realidade muito distintas. Pois quem acredita no candidato A não está apenas defendendo um projeto de governo, está defendendo uma série de crenças, valores e maneiras de ver o mundo e a existência humana – que é bem diferente do candidato B. Logo, as pessoas não estão se dando conta de que toda essa incompatibilidade não é porque estamos discutindo política, mas porque estamos discutindo valores de vida”.

Quando as pessoas buscam relacionamentos afetivos, elas querem encontrar pessoas que tenham semelhanças e que respeitem sua forma de enxergar a sociedade. Por isso, o psicólogo sugere dialogar não apenas sobre embates políticos, mas também sobre o que se tem em comum: “Se você está discutindo com o seu namorado ou namorada por política, é necessário parar e pensar ‘a nosso respeito’. Tirem os dois candidatos do meio de vocês. O casal precisa falar sobre como entende a vida, como acredita ver o mundo, como enxerga o respeito ao próximo, às diferenças e minorias”.

O especialista também alerta que, para uma boa convivência, respeito e, acima de tudo, para não perder a liberdade dentro das relações, é necessário encontrar alguém que tenha convicções semelhantes. “Para alguns indivíduos, a religiosidade é algo muito central, para outros não é. Então, vai ser muito difícil uma pessoa muito religiosa casar com alguém que é completamente ateu”, exemplifica.