Quem não gosta de postar uma selfie? Seja com os amigos, com a família, seja para compartilhar aquele passeio? Mas, de acordo com um estudo publicado pela revista científica The Open Psychology, postar selfies em excesso pode ser um sinal de personalidade narcisista.
Os pesquisadores da Universidade de Milão e da Universidade de Swansea analisaram a personalidade de 74 participantes com idades entre 18 e 34 anos durante quatro meses e observaram o uso de redes sociais por parte do grupo, concluindo que os que usaram as redes para postagens visuais apresentaram cerca de 25% mais traços de narcisismo, alguns inclusive demonstraram sinais do transtorno da personalidade narcisista. Os resultados também apontaram que o uso de redes sociais prioritariamente verbais como o Twitter, por exemplo, não apresenta os mesmos sinais.
O estudo reforça a tese do neurocientista Fabiano de Abreu Agrela em seu artigo intitulado ‘Circuito da incoerência: a sociedade brasileira sofre de perturbações das personalidades dramáticas’, publicado na revista Cognitionis.
“Orgulho exacerbado, vaidade extrema, falta de educação, falta de compaixão, necessidade de fama sem argumento e coerência, investimento em compra de likes e seguidores nas redes sociais com uma falsa popularidade, exibicionismo, ostentação, incoerência nos argumentos e arrogância. Todos esses são comportamentos derivados do narcisismo patológico e da necessidade de busca da felicidade como se esta estivesse cada vez mais inalcançável”, afirma.
Segundo o autor, “em nossa sociedade, determinada pela cultura social, tecnológica, temporal, educacional, entre outras, estamos vivendo a fase das personalidades dramáticas. Histriônica, narcisista, limítrofe, antissocial e borderline são algumas delas. Déficits nas funções de atenção, memória, linguagem, abstração, planejamento/sequenciamento de comportamento e no desempenho neurocognitivo são cada vez mais relatados nos consultórios”, diz o estudo.
Visão inflada
O transtorno da personalidade narcisista (TPN) é um distúrbio psicológico caracterizado por uma visão inflada e grandiosa de si mesmo, falta de empatia pelos outros e busca constante por atenção e admiração. Indivíduos com TPN geralmente acreditam que são superiores aos outros e podem exibir comportamentos arrogantes, egoístas e manipulativos. Eles podem ter dificuldade de reconhecer as necessidades e emoções dos outros e podem ter relações interpessoais problemáticas.
O transtorno pode ser causado por fatores genéticos e ambientais, incluindo traumas na infância. Seu tratamento geralmente envolve psicoterapia, embora muitas vezes possa ser difícil convencer alguém com TPN a buscar ajuda e fazê-lo entender que possui o transtorno.