Um estudo recente conduzido no Centro de Pesquisa e Análises Heráclito (CPAH) pelo neurocientista Fabiano de Abreu Agrela e publicado na revista científica European Journal of Cardiovascular Medicine revelou conexões profundas entre transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno do pânico (SP) e depressão maior (DM). Segundo a pesquisa, essas condições compartilham mecanismos neurobiológicos, predisposições genéticas e influências ambientais que impactam diretamente a forma como o cérebro processa emoções e responde ao estresse.

O TAG pode evoluir para episódios de pânico e depressão, alterações no hipocampo e no córtex pré-frontal causam dificuldades na memória, tomada de decisões e maior tendência à inércia, dificultando a busca por tratamento.

“Quando falamos de TAG, pânico e depressão, não estamos lidando com distúrbios isolados, mas com um espectro interligado de disfunções cerebrais. O cérebro desses pacientes apresenta padrões específicos de atividade que podem explicar a dificuldade em tomar decisões e até mesmo a resistência em buscar ajuda”, explica Agrela.

Genética e fatores ambientais

Além da neurobiologia, o estudo destaca a influência da genética. Pesquisas indicam que variantes em genes como SLC6A4 (relacionado à serotonina) e BDNF (associado à plasticidade cerebral) aumentam a vulnerabilidade a esses transtornos. O gene COMT, por sua vez, pode impactar a regulação da dopamina, interferindo na cognição e nas emoções.

“O ambiente pode potencializar ou amenizar predisposições genéticas. Infelizmente, uma infância sem suporte emocional adequado pode programar o cérebro para respostas exageradas ao estresse na vida adulta”, acrescenta o neurocientista.