Novembro é o mês de conscientização sobre o câncer de próstata, um assunto que ainda é tabu entre os homens. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no final do triênio 2020/2022 serão mais de 65 mil novos casos de câncer de próstata, no Brasil. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, o diagnóstico precoce da doença, dá ao paciente 90% chance de cura. Contudo, quando os pacientes se submetem a cirurgia para retirada do câncer de próstata, alguns sintomas como incontinência urinária, disfunção erétil e dor lombar podem ocorrer.
Além disso, esses desconfortos também podem acontecer nos casos de hiperplasia prostática benigna – que é um tumor não canceroso. De acordo com a fisioterapeuta clínica Dra. Walkyria Fernandes, esses sintomas podem ser tratados com a ajuda de um fisioterapeuta.
“A fisioterapia pode atuar em pacientes já operados, quanto em pacientes que apenas estão em acompanhamento. O trabalho com o paciente é para ajudar tanto no controle para urinar, para que ele não tenha escape de urina, como para aquele paciente com dificuldade de urinar, devido ao tamanho da próstata. Sem dúvida, a fisioterapia melhora a qualidade de vida do homem com comprometimento na próstata. Se for a hiperplasia benigna ou um tumor maligno as abordagens serão de acordo com o diagnóstico. Mas de maneira geral, o fisioterapeuta vai atuar de acordo com os desconfortos e sintomas do paciente. A fisioterapia trabalha o assoalho pélvico, o esfíncter de contenção urinária e atua no reequilíbrio dessa condição do trato urinário inferior” além de relacionar com a parte musculoesquelética ao redor e o sistema nervoso autônomo, explica a fisioterapeuta.
Eletroterapia e o biofeedback
Walkyria também conta que a fisioterapia pode restabelecer o equilíbrio da região operada, pode fortalecer a musculatura do assoalho pélvico. “Muitas vezes, a bexiga do paciente não consegue armazenar a urina como antes da cirurgia e qualquer pressão incorre em um escape de urina. Por isso, é necessário trabalhar essa musculatura. Nesse sentido existem técnicas manuais para isso e também a eletroterapia e o biofeedback.
Tudo isso ajuda o paciente a aprender a contrair novamente essa musculatura para devolver o máximo possível da normalidade na hora de urinar. Além disso, alguns pacientes acabam tendo comprometimento de nervos locais importantes, com a cirurgia, e acabam com dificuldade para ereção. A fisioterapia pélvica atua estritamente nesse problema”, ressalta a fisioterapeuta.
Tratamento de maneira global
A fisioterapeuta clínica ressalta que no tratamento o profissional não deve pensar apenas na próstata e na bexiga. É preciso pensar o tratamento de maneira global. “É necessário pensar em todas as regiões que podem ficar desarmônicas com o problema principal, tem que equilibrar o paciente como um todo. Inclusive quando eu falo da cavidade abdominal, existe uma pressão interna nessa cavidade onde ficam as vísceras, quando essa pressão aumenta, favorece o escape de urina. Então, no tratamento dessa incontinência urinária, é importante pensar no reequilíbrio dessa pressão interna da cavidade abdominal. Isso por que, na parte superior dessa cavidade há um músculo importante: o diafragma. Que é o músculo da respiração. Por isso, o fisioterapeuta precisa ter uma visão de 360 graus”, pondera Walkyria.
Prevenção é o melhor caminho
Ainda segundo a especialista, o tempo de tratamento varia bastante, podendo ser de 3 a 6 meses ou até mais. Isso vai depender de qual foi o tamanho da cirurgia para a retirada do tumor, do quanto foi preciso retirar de tecidos afetados pelo tumor.
Só assim é possível saber se o tratamento vai ser a médio prazo ou longo. A fisioterapeuta ressalta ainda que a prevenção é sempre o melhor caminho. “Dormir bem, se alimentar de forma saudável, praticar atividade física, controlar o peso, ter o menos possível de estresse. Tudo isso é fundamental para ter um corpo e mente saudáveis. Além disso, os exames preventivos são essenciais para um diagnóstico precoce e início do tratamento”, finaliza Walkyria.