O trabalho é parte da pesquisa de mestrado realizada por Tatiane Machado Rodrigues, enfermeira do Departamento de Assuntos Comunitários e Estudantis do Campus Lagoa do Sino da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), durante o mestrado profissional em Enfermagem, realizado na Unesp-Botucatu.

O estudo analisou cerca de 30 artigos publicados entre 2015 e 2020 – em Inglês, Português e Espanhol – em diferentes bases de dados e verificou estratégias exitosas de detecção, monitoramento e avaliação do sofrimento psíquico em estudantes, aplicáveis em unidades de saúde e em instituições escolares, apontando diretrizes para possíveis intervenções de cuidado, promoção da saúde mental e qualidade de vida.

Conviver com dificuldades

O sofrimento psíquico pode ser definido como um conjunto de mal-estares e dificuldades de conviver com a diversidade contraditória de significados existenciais, associado a dificuldades para estabelecer planos, definir o sentido da vida, ou ainda relacionando-se ao sentimento de impotência e de vazio interior. De acordo com a pesquisadora, os desafios de adaptação à vida universitária, associados às dificuldades emocionais, típicas dessa etapa do ciclo evolutivo, podem expor o jovem estudante ao estresse, aumentando sua vulnerabilidade ao sofrimento psíquico e desencadeando sintomas psicopatológicos que podem evoluir para transtornos mentais. Como consequências negativas desse sofrimento, no que se refere ao processo formativo, os relatos mais recorrentes são absenteísmo, solicitações de trancamento de matrículas e evasão escolar.

A partir disso, Tatiane Rodrigues aponta que, considerando a importância epidemiológica e educacional, é pertinente viabilizar recursos coletivos e individuais de cuidados apropriados à detecção precoce de queixas e sintomas em estudantes universitários. “Além disso, é importante prover o acompanhamento por profissionais de saúde nos casos detectados, visando favorecer ações terapêuticas imediatas, buscando minimizar o sofrimento e impedir suas consequências”, afirma a pesquisadora.

Prevenção do sofrimento psíquico

Dentre os levantamentos feitos pelo estudo, Rodrigues destaca algumas estratégias que se mostraram exitosas, tais como: de Detecção do Sofrimento Psíquico; de Monitoramento e Avaliação do Sofrimento Psíquico; e de Prevenção do Sofrimento Psíquico.

No contexto geral do estudo, a pesquisa de mestrado de Tatiane Rodrigues teve como objetivo central construir um protocolo de organização de serviços para o enfrentamento do sofrimento psíquico de estudantes universitários.

A partir das estratégias levantadas e demais dados destacados na sua pesquisa, Rodrigues aponta que “esse protocolo já está construído e será debatido, atualizado e colocado em prática no decorrer do próximo ano (2023), com o intuito de diminuir o sofrimento psíquico dos estudantes da UFSCar, em seus quatro campi”. O artigo foi publicado na Revista Família, Ciclos de Vida e Saúde no Contexto Social (REFACS).