Não é novidade que ‘Divertida Mente’ retrata as emoções da protagonista. No primeiro filme, acompanhamos de pertinho a alegria e a tristeza em uma aventura e vimos um pouco das outras emoções de Riley, como raiva, medo e nojo, além de compreendermos a importância de cada emoção e como elas agem em nossos aprendizados, na tomada de decisões importantes e, até mesmo, na determinação de nossos gostos.

Já no segundo filme (sem muitos spoilers), somos apresentados às emoções mais complexas à medida que a personagem vai crescendo. Ao adentrar a puberdade, o painel de controle de Riley sofre uma grande mudança, com novas cores e personagens, com a chegada de novas emoções como a ansiedade, a vergonha, a inveja, o tédio e a nostalgia.

Ao lidarmos com as emoções, as quais nos acompanham por toda a vida, estaremos em eterno aprendizado, pois, para cada momento, há uma relação de emoções únicas para serem percebidas, sentidas e manejadas. Também precisamos compreender que a mesma situação vai ser sentida e interpretada de maneira diferente por indivíduos diferentes (por isso, Riley agiu de uma maneira no treinamento de hóquei e suas amigas, de outra).

Como (futuros) psicólogos, sabemos que administrar emoções envolve sentimentos desconfortáveis, porém necessários, e o primeiro passo é o reconhecimento delas, partindo para a expressão adequada e compreensão do impacto das emoções em nosso comportamento.

Há um abismo no ensino das emoções. Por isso, existe um trabalho a ser feito desde a infância através da percepção, do entendimento, da aceitação e da validação das emoções, evitando que se perpetue a demanda de adultos com problemas de compreensão e expressão de suas emoções.

Reação

Mas, enfim, o que são emoções? Elas funcionam igual nos filmes? Segundo o dicionário, emoção é uma reação moral, psíquica ou física, geralmente causada por uma confusão de sentimentos que, diante de algum fato, situação, notícia etc., faz com que o corpo se comporte tendo em conta essa reação.

Se, assim como eu, você não achou essa resposta suficiente, continue aqui que vamos ver mais sobre o assunto. Maya Angelou tem uma famosa frase que pode nos fazer compreender a importância das emoções: “Eu aprendi que as pessoas irão esquecer o que você falou, que irão esquecer o que você fez, mas nunca irão esquecer de como você as fez sentir”, ou seja, as emoções dão qualidade às experiências vividas.

De acordo com Don Hockenbury e Sandra E. Hockenbury, as emoções são estados psicológicos complexos que envolvem três componentes: uma experiência subjetiva, uma resposta fisiológica e uma resposta comportamental (que é a forma mais visível da emoção, pois se trata da própria expressão dela).

Mas para que servem? A emoção tem grande impacto em nossa vida (e na dos outros ao nosso redor). Por meio dela, percebemos o perigo, expressamos alegria em uma situação feliz, tristeza ou raiva em outras situações. Bem como podemos suscitar essas emoções em outras pessoas através de falas e comportamentos para com elas, que serão interpretadas pelos pensamentos surgidos no momento. Pode-se dizer que as emoções têm dois propósitos básicos: a estratégia de manutenção da vida e adaptação ao meio ambiente e como sofisticada forma de comunicação.

Regulação emocional

Com a “briga” presenciada pela disputa do painel de controle em ambos os filmes, podemos fazer uma associação e exemplificação da regulação e desregulação emocional.

A desregulação emocional é quando há a incapacidade de gerenciar a intensidade e duração das emoções. Podemos exemplificar com a oscilação de emoções que Riley sente quando todas as emoções querem um momento no painel de controle no primeiro e segundo filme (esse é só um exemplo para melhor entendimento, não quer dizer que a personagem teve desregulação emocional).

A regulação emocional é a capacidade da pessoa de compreender as próprias emoções, buscando enxergar situações da forma como elas realmente são, sem deixar que a afetem de maneira negativa e intensa, bem como a alegria ao perceber que a tristeza tinha sua importância para Riley.

E regulação emocional nada mais é do que a habilidade de evitar colocar uma alta carga emocional, facilitando a resolução de um problema. Mas, calma, essa habilidade pode ser desenvolvida e treinada com estratégias existentes.

Na prática

Quando não aprendemos a nos regular emocionalmente na infância, ficamos suscetíveis a problemas emocionais que se perpetuam na vida adulta. O objetivo da educação emocional é a prevenção e a proteção psíquica pela identificação e compreensão das próprias emoções, para que o paciente enxergue as situações como realmente são, para que possa utilizar as emoções de forma produtiva.

Mas, relaxe, pois há estratégias e treinamentos dessas habilidades para todas as faixas etárias! E você, como estudante de psicologia, deve intensificar seus estudos sobre as emoções, afinal você já compreendeu a importância delas, né? Fica a dica de duas leituras sobre o tema: ‘A clínica das emoções: teoria e prática da terapia focada nas emoções’ e ‘Emocionário: dicionário das emoções’, ambos da Sinopsys Editora, onde estudantes de graduação em psicologia tem 50% de desconto!