Nos últimos dias, o mundo inteiro vem acompanhando o drama que envolve a separação da cantora colombiana Shakira e do jogador de futebol espanhol, Gerard Piqué. O ex-casal vem tendo um término cheio de conturbação por envolver traição e mágoas. Inclusive Shakira lançou uma música cheia de acusáveis e detalhes do término que vem sendo um verdadeiro sucesso no mundo todo.

De acordo com o médico Andrei Moreira, especializado em homeopatia e terapeuta de constelação familiar, os filhos são sempre bastante prejudicados em separações quando os pais não separam a relação de homem e mulher da relação de pais, o que se agrava quando esses são famosos e têm um término tão conturbado e público.

“Todos nós, filhos, amamos o pai e a mãe com um amor natural e espontâneo, derivado do fenômeno vida. Graças a eles existimos. Em nós, as duas metades deles estão unidas e ativas, nos permitindo existir no aqui e no agora. E ambos são igualmente importantes. Quando os filhos sofrem alienação parental ou ouvem críticas a um dos genitores sentem-se inconsciente e diretamente agredidos. É como se dissessem a eles que metade de você não presta, metade de você não é boa nem digna.”

Conforme o médico, o resultado disso é que as crianças aprendem a ser fiéis a um dos lados, por amor cego, e perdem o direito de manifestar o seu amor pelo outro. “Isso produz muitos e diferentes sintomas”, ressalta.

Segundo Andrei, o que acontece com Piqué e Shakira é uma dimensão macro do que se sucede frequentemente entre casais que se separam e trocam acusações recíprocas sem preservar as imagens de ambos os genitores, estimulando inconscientemente que os filhos tomem partido e se fidelizem às suas dores. “Como as crianças vão lidar com isso e qual a repercussão para elas, a curto e longo prazo?”, questiona.

E responde que filhos que testemunham acusações dos pais ou que são colocados entre eles na briga do divórcio tendem a ocupar lugares fora da ordem familiar (comportando-se como marido da mãe ou companheira do pai), vivenciar sobrecargas de emoções e sentimentos e reprimir o amor natural deles por ambos. “Isso leva a uma cisão interna, uma sensação de não inteireza, o que sustenta muitos movimentos autodestrutivos”, afirma.

Andrei explica que, segundo a filosofia da constelação familiar, para que os filhos tenham verdadeira completude e liberdade para destinos mais amplos, necessitam poder reconhecer, liberar e expressar seu amor por mãe e pai mesmo que um deles não esteja presente. “Isso é possível quando há respeito por parte de quem fica ou de quem tem a guarda e essa pessoa ajuda os filhos a incluírem no coração aquele que ali não está, separando a relação de casal da de pais e filhos, o que, compreensivelmente, é um grande desafio e prova de amor pelos filhos”, pontua.