Um em cada quatro adolescentes brasileiros é dependente de internet, aponta recente estudo publicado pela Universidade Federal do Espírito Santo.

Exemplo vem de casa

A situação é tão preocupante que pais têm procurado ajuda profissional nos consultórios, diante da total incapacidade em lidar com a situação. Eles estão perdidos e, certamente, o exemplo de mau uso foi visto pela criança ou pelo adolescente dentro do próprio lar, daí advém parte do problema.

Muitas vezes psicólogos e educadores alertam os pais para o uso de álcool em casa justamente porque filhos, cujos pais fazem uso freqüente dessa substância, apresentam maiores familiaridades com elas, e no final das contas, entre o acesso e a dependência, o caminho acaba encurtando. No caso do uso excessivo de internet, como controlar se pais e mães também utilizam de forma errada?

Laços de convivência perdidos

Penso que o caminho seja primeiro a família assumir que tem um problema. E, nesse caso, isso pode ser comprovado quando pais e filhos não sentam juntos para fazer as refeições, brincar, ver um filme ou desenvolver um jogo. Isso é sintoma de que se perdeu a convivência. Depois de vista a situação, é necessário que sejam tomadas medidas restritivas, para todos, em diferentes proporções: pais precisam de mais tempo de uso em função de trabalho, crianças precisam de menos tempo em função das atividades escolares, e todos precisam de um tempo comum para lazer. É importante que ajustes sejam feitos para atender as restrições, e elas são importantes em quaisquer casos de dependência: o processo de desintoxicação exige não cortar totalmente, mas restringir aos poucos. Isso é mais sustentável e saudável, até se atingir o limite esperado.

Por outro lado, há uma questão menos prática, porém de igual importância, o uso de internet e redes sociais ocupa um espaço livre na vida das pessoas. Se elas não têm outra oportunidade de convivência, a vida on-line entra em voga sempre que a vida real não acontecer. O caminho para solução total do problema é sempre repensar onde deixamos de fazer os laços humanos e passamos a optar pelos nós. E, como sabemos, nos amarram! Porém, os homens precisam de liberdade.

E MAIS…

O isolamento social potencializou a dependência pela internet

A Covid-19 nos deixou, entre outras muitas coisas, viciados em redes sociais. Embora não existam pesquisas com estatísticas oficiais sobre o número de novos dependentes em tecnologia durante a pandemia no Brasil , os psicólogos avaliam que a esse foi um período que nos virtualizou, ou seja, nos deixou ainda mais conectados, já que, com o isolamento social, essa foi a única maneira de nos relacionar. Tivemos que nos adaptar ao home office, às aulas virtuais, à telemedicina, enfim, a toda uma rotina imersa no on-line.

Entretanto, um estudo desenvolvido por pesquisadores das universidades Penn State, nos Estados Unidos, de Jinan, na China, publicado pelo jornal acadêmico Computers in Human Behavior, já constata os efeitos do uso excessivo das redes sociais durante a pandemia e diz que esse comportamento pode ter contribuído para que os habitantes da cidade chinesa Wuhan, primeiro epicentro da covid-19 no mundo, desenvolvessem depressão e traumas secundários da doença.