O Dia Internacional do Livro Infantil é comemorado no dia 2 de abril porque esse é o dia do aniversário do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, um dos principais nomes da literatura mundial. Entre suas obras está “A pequena sereia”.

Literatura na escola

A data é uma boa ocasião para falar sobre a importância da leitura na escola. O livro é uma arte e simultaneamente uma viagem, um depreender material para se permitir o encantamento, a apreciação. Quando essa é feita pela professora, na sala de aula, na biblioteca ou em um ambiente específico, leva toda criança ao delírio, à motivação intensa em relação à imaginação, às expectativas, à busca do novo, às descobertas, às soluções dos problemas e a outras habilidades que muitas vezes o leitor nem sequer considerou para aquele momento da atividade. Mas para que isso aconteça, o mediador precisa se preparar; estudar a obra; divagar pelas palavras, permitir-se também expectador para sentir os medos, desejos e os amores contidos no toar das palavras.

Uma criança motivada pela plasticidade, fantasia pelos anseios é capaz de compreender muito mais um enredo, e se a história for mediada pela expressividade, pela emoção aquela chegará prazerosamente à compreensão da arte. Mas como entender tal processo?

Incentivo ao conhecimento

As crianças passam por um procedimento de internalização do conhecimento a partir de suas audições, observações, ações e vivências ocorridas na relação com o meio e com o outro, e a partir disso experimentam algo inovador e elaboram suas sensações, sentimentos e percepções que resultam em desenvolvimento expressivo, emocional e depois poderão representar tudo o que se passou em sua mente, através dos registros e desenhos que elaborarem sobre tal tema. Isso vai se transformando a cada vivência, a cada olhar, pensamento, colocação, aprendizado, pois elas vão internalizando as novas informações; (re)construindo-se a cada momento, uma vez que vivem intensa e criativamente suas relações com as palavras e seus sentidos, e as emoções.

As obras infantis carregam material de extremo poder para a o desenvolvimento moral, emocional, atitudinal e contribui com a constituição da criança, seja por meio das expressões, como por exemplo as interjeições, que são riquíssimas nesses materiais – as metáforas, os jogos de palavras, a organização dos termos para representar o pensamento do autor e na forma de o ilustrador revelar as pessoas, os fatos e toda a dinâmica de uma história.

Leitura da imagem

Toda ilustração em qualquer tipo de texto, seja informativo ou literário, é sempre um complemento para o leitor, pois enriquece, encanta, orienta, esclarece etc. A imagem é um referencial para os pequeninos conhecerem os seres, as coisas, a natureza, uma vez que não basta ouvir para saber do que se está falando; é preciso ver, mesmo que a palavra fale tanto quanto a imagem. Além disso, sabemos que há ainda quem precise tocar; hoje a linguagem tátil está tão presente e acessível quanto às demais.

É possível afirmar que a leitura da imagem está presente cotidianamente na vida das crianças e estas leem-na a seu modo, muito antes de ler o código escrito. Estudiosos, tais como Piaget, Bee, Vygotsky e outros já comprovaram que o contato da criança com o meio é o que facilita e enriquece as formas de conhecimento, pois é fácil apropriar-se de conceitos quando se presenciam situações. Sendo assim, sua aproximação com as imagens permite não só criar referências no mundo imaginário, como contribui para o desenvolvimento psicológico e melhor compreensão de mundo. Enfim, através da leitura o cérebro é capaz de absorver novo repertório que fará parte do desenvolvimento e aprimoramento linguístico infantil.

Signo linguístico

A palavra (signo linguístico) quando escrita, precisa ser decodificada e para isso hora ou outra exigirá da criança que ela utilize suas representações mentais – elaboradas a partir de vivências – e aí entram também as imagens, afinal, o mundo está repleto delas.

Uma boa ilustração deve ser complemento do texto escrito, além de ter seus objetivos, para a leitura integral e coerente, pois se não houver articulações entre as duas linguagens, uma delas quebra a intertextualidade e rompe com o imaginário atrapalhando a leitura e a compreensão.

Como todo texto é expressão de linguagem, as histórias são sempre lacunares, então a imagem também servirá como elemento que auxilia no entendimento das ações dos personagens, dos ambientes, objetos, coisas em geral e auxiliará no preenchimento das ambiguidades, das dúvidas, das lacunas, enfim.

E MAIS…

Objetivos que os professores precisam trabalhar com a literatura Infantil

Além de terapêutica, dentre outras questões, o valor psicológico, pedagógico, emocional da linguagem imagem/texto no livro infantil, suscita mudanças comportamentais importantes para o crescimento humano. Podemos destacar alguns objetivos que os professores precisam ter nos momentos de trabalho com a literatura Infantil e uma boa contação de histórias:

• Estimular o olhar como agente principal na estruturação do mundo interior da criança, em relação ao mundo exterior que ela está descobrindo.

• Estimular a atenção visual e o desenvolvimento da capacidade de percepção.

• Facilitar a comunicação entre a criança e a situação proposta pela narrativa, pois lhe permite a percepção imediata e global do que vê.

• Pela força com que toca a sensibilidade da criança, permitir que fixem, de maneira significativa e durável, as sensações ou impressões que a leitura deve transmitir. Se elaborada com arte ou inteligência, a imagem aprofunda o poder mágico da palavra literária e facilita à criança o convívio familiar com os universos que os livros lhe desvendam.

• Estimular e enriquecer a imaginação infantil e ativar a potencialidade criadora – natural em todo ser humano e que, muitas vezes, permanece latente durante toda a existência por falta de estímulo.

Assim, o equilíbrio entre texto e imagem elabora melhor compreensão por meio da lógica textual e lógica iconográfica. A leitura da palavra é linear, a da imagem é múltipla, embora seja hierarquizada segundo o ilustrador, o que dirige o olhar da criança, de acordo com o propósito do autor. Porém, às vezes, veem-se imagens desconectadas do texto escrito, e isso precisa ser observado pelo leitor, antes de trabalhar com a história.