Em meu livro, Neurodidática: fundamentos e princípios, defendi a adoção de múltiplas metodologias pelo professor, como forma de atender às diferentes necessidades dos alunos, incentivar a novidade como elemento motivacional, e proporcionar uma variabilidade que pode ser benéfica dentro do processo ensino-aprendizagem, desde que, claro, se for conduzida com critério e planejamento.

Há uma tendência de se propor variabilidade de procedimentos em sala de aula com esses vários fins, como forma de se ampliar as possibilidades de aprendizagem dos alunos e seu envolvimento no processo de ensino. Abordaremos aqui algumas dessas tendências, de forma a montarmos um quadro de opções para o professor agir em seu fazer pedagógico.

Repertório metodológico

A questão é que ninguém sabe, de fato, como será o ensino em um ano de pandemia ainda ativa e, principalmente, com o advento da vacinação ainda lenta e incerta, não se sabe igualmente o quanto desse ensino será remoto, híbrido ou presencial. Então, quanto maior o repertório metodológico, tanto mais possibilidades terá o professor para agir perante seus alunos nos diferentes cenários.

Isso requer um planejamento bem feito e flexível, que permita a diversificação metodológica e a participação dos alunos dentro dos diferentes cenários. Assim, o planejamento deve permitir a integração de diferentes modelos de ensino. Vamos abordar os diferentes cenários para nos possibilitar diferentes possibilidades.

Além disso, há a questão do Continuum Curricular, adotado por diversos sistemas de ensino, que estenderam o ano letivo para o biênio 2020-21, ou seja, estendendo-o para além do ano civil, o que foi previsto pelas deliberações do Conselho Nacional de Educação. Isso pode acarretar um ano letivo que irá abranger as três modalidades de ensino, o Ensino Remoto, o Ensino Híbrido e o Ensino Presencial.

Ensino remoto

O Ensino Remoto foi a grande realidade de 2020, em que os sistemas de ensino, os professores e os alunos tiveram que se reinventar para proporcionar, de alguma forma, a continuidade do ensino na pandemia. Sobre este assunto, recomendo a leitura do site: https://porvir.org/ensino-remoto-o-que-aprendemos-e-o-que-pode-mudar-nas-praticas-e-politicas-publicas/, que apresenta uma perspectiva bem interessante e atual.

1 – Adapte a Carga Horária – se no ensino presencial a carga horária é de 4 a 7 horas e meia, no ensino remoto essa carga com o professor precisa ser menor. Não há como manter o estado atencional e a motivação de alunos durante longo período de tempo. Portanto, a maior necessidade é de estabelecer a menor carga horária possível com o professor e o restante do tempo ser preenchido com atividades para o aluno desenvolver, individualmente ou em grupo virtual, para entrega posterior ao professor, por exemplo. Este planejamento precisa ser feito pela escola, dentro de suas características e peculiaridades.

2 – Mantenha contato com a família – orientar a família no acompanhamento das atividades letivas pode ajudar o aluno a manter seu foco nas atividades escolares. Isso inclui o contato direto com o aluno, por meio de grupos em rede social ou diretamente na plataforma de ensino remoto utilizada. Também inclui formas tradicionais de contato, como e-mail ou telefone.

3 – Utilize diferentes metodologias – especialmente no ensino remoto, combinar metodologias ativas de aprendizagem (como as que temos apresentado aqui neste espaço), dentro das características das turmas e das escolaridades, pode incentivar os alunos a aprender melhor e mais eficazmente, principalmente sem a presença física do professor. Este processo precisa ser meticulosamente planejado, incluindo opções “B” para caso alguma metodologia utilizada não surta o efeito desejado.

4 – Utilize atividades síncronas e assíncronas – as atividades síncronas são aquelas que o professor e os alunos realizam atividades conjuntamente, conectados, em tempo real, e que podem ser aulas, atividades em grupo ou avaliações. As assíncronas, ao contrário, são aquelas em que estes não estão conectados, podendo ser aulas gravadas, tarefas para realização dos alunos fora das atividades síncronas etc. 

Ensino Híbrido

Além das questões levantadas no Ensino Remoto, que permanecem válidas no Ensino Híbrido, podemos acrescentar a possibilidade do ensino personalizado. Há vários sites que sugerem explicações e conceitos sobre o ensino híbrido. Uma sugestão é este site: https://novaescola.org.br/conteudo/104/ensino-hibrido-entenda-o-conceito-e-entenda-na-pratica#:~:text=O%20ensino%20h%C3%ADbrido%2C%20ou%20blended,aspectos%20da%20vida%20do%20estudante, que não somente apresenta sua reportagem original, como também contém um link para outro mais recente, contextualizado com a pandemia.

1 – Promova Ensino Personalizado – o ensino personalizado é a grande e difícil meta a ser atingida pela educação atual, e encontra no ensino híbrido uma excelente possibilidade de execução. Seja no ambiente virtual, seja nas atividades presenciais, há a perspectiva de propor atividades personalizadas para os alunos poderem atender suas necessidades e perspectivas pessoais dentro do conteúdo ensinado ou até mesmo fora deste, dependendo da flexibilidade curricular proposta.

2 – Use o Ensino por Rotação – na modalidade mais comum do ensino híbrido, em ambos os casos, ou seja, nas atividades presenciais e nas atividades remotas, além da possibilidade de personalização, há também a grande possibilidade de alternância de tarefas individuais e dos trabalhos colaborativos, maximizando assim a diversificação de estímulos para que os alunos mantenham o estado de motivação ótimo para a aprendizagem e também para que possam aprender melhor.

3 – Promova o Equilíbrio entre o Presencial e o Remoto – o ensino híbrido minimiza ou evita o estresse causado pelo excesso de exposição à tela, ao permitir que o aluno tenha o ensino presencial alternado com o não-presencial, que pode incluir ou não um ensino virtual, dependendo das situações particulares dos alunos. Mesmo que haja atividades online, o tempo de exposição é bem menor do que no ensino puramente remoto, o que facilita a que o aluno não se canse das aulas.

Ensino Presencial

O principal desafio para o retorno pleno das aulas presenciais será: retornaremos ao ensino da forma que era antes da pandemia, ou seja, na maioria dos casos, o ensino tradicional, ou aproveitaremos o advento da pandemia para promover alterações substanciais nos processos e metodologias de ensino? A esse respeito, vale a consulta ao site: https://www.correiodopovo.com.br/blogs/di%C3%A1logos/os-desafios-da-educa%C3%A7%C3%A3o-em-2021-tecnologias-n%C3%A3o-substituem-o-primordial-a-sala-de-aula-1.538251, que traz diversas reflexões sobre o assunto.

1 – Use Metodologias Ativas – mesmo no ensino presencial pleno, ao optar por utilizar metodologias ativas de aprendizagem, especialmente as que usam tecnologia, o professor terá uma oportunidade de promover novas possibilidades de aprendizagem e de motivação dos alunos em sala de aula. Há uma extensa lista de sites com explicações e sugestões de metodologias ativas de aprendizagem

2 – Use Atividades Práticas – mesmo com conteúdos abstratos, sempre há possibilidade de utilização de atividades práticas, como jogos, desafios e atividades de solução de problemas. A aprendizagem prática é muito mais interessante, pois envolve a participação ativa do aluno, além de motivá-lo a encontrar soluções criativas e inovações para a resolução dos problemas apresentados.

3 – Use os Alunos – se já não o faz, use os alunos como elementos ativos da aprendizagem, fazer com que eles participem da elaboração das atividades e usar seus conhecimentos em todo o processo faz com que eles se sintam valorizados, aumentando o interesse e também a empatia com o professor e a aprendizagem.

Considerar os diferentes cenários

É notório que há poucos que efetivamente sabem como será conduzido na prática o ensino neste ano de 2021. Porém, o fato é que aqueles que estão se planejando e trabalhando com diferentes cenários terão maior possibilidade de sucesso. Ao trabalhar com diferentes cenários, pode-se ter planos de ação diferenciados para quando as realidades se alterarem, se e quando isso for acontecer.

E MAIS…

O planejamento do professor também é importante

Não é somente o planejamento das Secretarias de Educação e das Unidades Escolares que é importante. Igualmente importante é este planejamento por parte do professor e sua preparação prévia. Isso, claramente, requer formação e estudo, especialmente para os que não estão acostumados com recursos tecnológicos, ambientes online e metodologias ativas. Neste sentido, recomendo a leitura do site: https://bloga.grupoa.com.br/metodologias-ativas/, que apresenta um conteúdo de fácil compreensão e razoavelmente completo. Além disso, é claro, recomendo também a leitura de meus artigos aqui na coluna Neurodidática, que você pode acessar neste link: https://sinapsys.news/categoria/colunas/coluna-neurodidatica-colunas/.