Estamos chegando ao fim do mês de Abril. Período marcado pela Conscientização do Autismo. O Dia Mundial da2 de abril, foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 2007 e o mês passou a ser conhecido como Abril Azul.

Foi escolhida a cor azul porque o autismo atinge muito mais meninos do que meninas.

Entretanto é muito importante sempre falar sobre o tema, inclusive nesse mês comemorativo.

De fato a sociedade está acordando para as questões do autismo. Lógico que ainda estamos longe de uma situação ideal quando o assunto é visibilidade e inclusão.

Mas, uma boa caminhada já foi feita e os resultados já começam aparecer. Hoje já é possível ver as reservas de vagas nos estacionamentos, os atendimentos prioritários, as meias entradas e uma série de condições que já avolumam a dignidade da pessoa autista.

Porém, muitas vezes, pais e pessoas comuns gostaria de entender e saber como melhorar suas posturas e atitudes diante de uma pessoa autista, seja ela criança, jovem ou adulto. Vamos a algumas situações

Em casa

Os autistas têm em casa o melhor e o maior centro terapêutico entre todos. É em casa que se constroem práticas de rotinas e de inteiração social que ele vai desdobrar fora de casa.

Em casa os pais devem sempre trabalhar com a previsibilidade. Ou seja, nunca, jamais pensar em coisa em cima da hora. Autistas precisam de rotina e essa rotina possibilita que eles possam circular livremente pela casa, pelas coisas e pela vida.

Se você vive com uma criança autista e quer mudar a rotina dela, lembre-se, previsibilidade é sempre é melhor solução. Avise-a antes. Converse com ela antes. Mostre a ela desenhos, figuras ou vídeos do que você pretende mudar e vá, aos poucos fazendo a mudança com ela.

Nunca mude de uma hora pra outra uma dinâmica, pois isso pode ser  muito difícil de aceitação. Autista tem, quase sempre, restrições cognitivas. O que dificulta um entendimento mais expandindo de imediato.

Fazer uma rotina visual, com desenho e imagens de tudo que a criança deve ou pode fazer ao longo do dia também ajuda muito. Nesse caso, vá com a criança até o local onde está esta rotina pendurada, mostre a figura do vaso do banheiro e em seguida vá, com ela, até o vaso do banheiro. Mostre a figura da TV e vá com ela até o local onde se encontra a TV, mostre a figura das frutas e vá com a criança até o local onde estão sempre as frutas. Assim, a criança vai conquistando mais autonomia pois essa rotina visual vai ajudar essa criança a ir ao banheiro sozinha, comer uma fruta sozinha e assim por diante.

Faça isso repetidas vezes até que ela possa internalizar essa atitude, sobretudo as com grau mais severo e com comorbidades. Mas nunca se esqueça que cada autista é uma realidade. Observe sempre qual é a realidade da sua criança e faça as adaptações.

No restaurante

Autistas podem ter muitos problemas nos restaurantes porque quase todos possuem dificuldades sensoriais. Ou seja, não é só o barulho que pode incomodar o autista.

Excesso de cheiros, excesso de barulho e de movimentação de igual forma podem desorganizar um autista. E esses sensoriais são cumulativos, ou seja, se juntam e acabam por provocar uma desorganização que  é a dificuldade de o autista permanecer naquele local. Nesse caso, se o restaurante é uma opção da família, vale a pena preparar o autista para o local.

Vá com ele antes no local em horário de menos movimento. Faça o percurso com ela até o local e mostre, pouco a pouco tudo. Ao chegar no restaurante procure a mesa com melhor acomodação. Avise ou converse com a direção do local com antecedência para que a prioridade seja garantida.

Esperar demais pela comida pode ser um problema. Procure restaurante onde tenha o cardápio que o autista normalmente já come. Novidades e inovações não costumam funcionar bem neste local.

Se o local tem realmente muito movimento, barulho e cheiros em excesso, além de serviço ruim e demorado, é melhor fugir desse ligar pois há uma grande probabilidade de não dar certo.

No Estádio de Futebol

Um dos locais mais complicados para uma pessoa autista, mas não é impossível. Meu filho autista, nível 2 foi ao estádio pela primeira vez aos 11 anos mediante uma serie de adaptações.

Lembre-se, no estádio de futebol não é, quase sempre, o melhor lugar pra você exigir atendimento prioritário, fila preferência e etc. lá é normalmente um lugar com tudo misturado. Muita gente. Muito barulho.

Muita confusão e muita falta de informação , ainda, nesse sentido. Assim, o melhor, é estar preparado para a dinâmica do lugar: muitos gritos, muita música, muito barulho, muito palavrão, muita gente.

Faça a previsibilidade, chegue bem cedo quando ainda não tem muita gente, procure entrar nos primeiros das filas, mantenha a calma, procure sentar em local fora das torcidas organizadas onde normalmente há mais empurra empurra e procure divertir o autista com tudo que tem ali.

Não faça críticas ou de volume ao que acontece, por exemplo, vai haver palavrões, aos montes, mantenha sua naturalidade. E a dica mais importante, talvez no estádio de futebol o tempo de permanência não seja o total da partida.

Dessa forma, assista uma parte da partida e saia numa boa. Aos poucos você irá perceber que poderá ver uma partida inteira.

No cinema

O escuro, o barulho e as cenas podem também desorganizar o autista. A previsibilidade também vai ajudar, e muito. Mas, mesmo assim, procure sentar perto da porta de saída para o caso de uma necessidade de saída rápida.

Há filmes cujo tema não é de interesse do autista – e toda família já deve saber disso. Nunca tente empurrar um tema de filme que você gosta pro autista assistir – lembre-se que muitos tem rigidez cognitiva.

Não vão entender e nem aceitar isso dentro do cinema. Pipoca , refrigerante e outras comidinhas talvez não funcionem no escuro.

Lembre-se que se o autista tiver dificuldade motora acentuada, entre outras situações, pode ser muito difícil comer pipoca, achar o copo pra beber algo, prestar atenção ao filme e etc. faça o lanche antes do filme.

Na rua

Os autistas costumam gostar muito de passear, mas com adaptações. Segurar na Mao de alguém, te rum braço pra apoiar e andar do lado de dentro da calça podem ser as dicas iniciais, mas cada autista tem seu jeito e isso tem que ser percebido. Andar muito, no calor do dia e no tumulto das pessoas pode não funcionar também.

É preciso sair de casa dizendo ao autista onde vão, o que farão, quanto andarão e todas as demais informações que ajudarão a ele nessa previsibilidade. Sair sem rumo e enfrentando situações inusitadas pode ser sempre um problema.

Aqui são dicas gerais para autista de maneira geral. No entanto, vale sempre a pena lembrar que dentro do espectro nós temos autista que são altas habilidades e temos autistas com deficiência intelectual. Ou seja, a diferença entre eles pode ser enorme. De uma forma ou de outra, todos podem, com adaptações, conviver, viver e ser felizes.