Por anos se ouve falar das declarações de Freud, médico austríaco e pai da Psicanálise, sobre as relações entre o desejo, a que ele chamou de pulsões, e o contraponto da vontade, a que denominou repressões – numa simultânea relação e integração com os mecanismos de defesa do ego.

Estes mecanismos surgem na mente (no aparelho psíquico) de um indivíduo quando existe ali a necessidade de reduzir ou atenuar qualquer relação de risco. Ou seja, a integridade do ego deste mesmo sujeito em que ele não consiga lidar com determinadas situações que, por algum motivo, possam ser consideradas ameaçadoras.

O desejo e o sintoma

Podemos dizer que, numa primeira perspectiva do tratamento analítico, teremos uma relação entre o desejo e o sintoma; entre a vontade e a repressão desta vontade.

Deste modo, a análise se mantém na relação do terapeuta pelo seu trabalho analítico de desmistificar, elaborar e descobrir a causa do sintoma pela escuta analítica. A grosso modo, o psicanalista é aquele que dá ouvidos à fala do seu interlocutor, ou seja, do seu paciente (na análise clínica).

Outras versões

Wilfred Bion, psicanalista britânico, trará uma outra versão do trabalho analítico, estabelecendo laços entre as relações constituídas por vínculos entre paciente e terapeuta. Esses vínculos tornam-se “inter” objetivos na relação entre o sujeito analisado e o seu psicoterapeuta. Um sujeito e o outro a que Bion intitulava uma relação vincular-dialética.

Para Bion, era dever do analista estar em permanente integração dialética (num estado de conflito e de diálogo) intermitente com o seu paciente, ou seja, a sua realidade psíquica a que o psicanalista propõe sua resposta analítica e atividade interpretativa. Esse trabalho do terapeuta é que, para Wilfred Bion, dá forma aos insights, e sãoa síntese psicoterapêutica. Tal resultado funciona como uma proposição sustentada e defendida ao paciente, promovendo o seu crescimento, desenvolvimento e a sua autocontinência.

Já na nossa realidade contemporânea, Zimerman irá destacar em seu Manual de Técnicas Psicanalíticas, a formação, o surgimento do que ele chama de “buracos negros” psíquicos que correspondem à determinadas falhas no discurso do paciente. São lacunas causadas pelo desenvolvimento emocional primitivo do mesmo, o que resulta numa patologia do vazio, um espaço a ser preenchido pelo analista. O paciente logo se identifica com o seu terapeuta na iminência inconsciente de preenchimento dessas lacunas pelo processo de projeção e deslocamento.

O trabalho analítico

Todas essas formas de manejo técnico da Psicanálise Clínica juntas, constituem o complemento necessário para o restabelecimento do estado clínico do paciente e de suas demandas psíquicas. O trabalho analítico demonstra o quanto a Psicanálise tem se desenvolvido e se ressignificado, ganhando nova roupagem e mantendo as suas raízes.

E MAIS…

A teoria do Ego

Com o passar dos anos, teóricos como Melanie Klein, psicanalista austríaca, e Ronald Fairbairn, médico psiquiatra e psicanalista escocês, desenvolveram a teoria das relações objetais que se refere às relações emocionais entre sujeito e objeto amado que, através de um processo de identificação comum, contribuem para o desenvolvimento do ego.

Para os teóricos e psicanalistas, a criança, ao observar o adulto, consegue, a partir dessa observação, fazer a construção da sua identidade num processo de identificação de ego. A teoria descreve, em si mesma, a ideia de que o ego só existe em relação a outros objetos, que podem ser internos ou externos. Os objetos internos são versões internalizadas de objetos externos que se formam, principalmente, mediante as interações iniciais com os pais. Neste caso, existem três sentimentos fundamentais que podem existir entre eu e o outro: apego, frustração e rejeição. Estes sentimentos são estados emocionais universais que constituem os elementos mínimos na construção dessa personalidade.

REFERÊNCIAS
ZIMERMAN, David E. Manual de Técnicas Psicanalíticas – uma re-visão. Editora Artmed. Porto Alegre/ RS, 2008.
BRITO, João Carlos. Infopédia – Dicionários Porto Editora. Link para acesso: https://www.infopedia.pt/$relacoes-objetais – Pesquisa datada em: 28 de agosto de 2020.
Dicionário de Sinônimos. sinônimos.com.br – dicionário de sinônimos online. Link para acesso: https://www.sinonimos.com.br/ – Pesquisa datada em: 28 de agosto de 2020.