A geração atual já nasce imersa em um universo tecnológico que opera em constante evolução. Estudos indicam que, ao serem expostos à realidade digital desde cedo, os jovens correm o risco de se afastar do que é mais essencial em suas vidas: a construção de vínculos emocionais, fundamentais para o amadurecimento e bem-estar psicológico.
A interação consigo mesmos e com o outro é marcada por sentimentos, emoções e experiências afetivas que, muitas vezes, ficam ofuscadas pelo brilho das telas.
E o alicerce dessas interações sociais e a capacidade de fazer vínculos residem na infância, na relação da criança com seus cuidadores primordiais e com o seu círculo social corpo a corpo, e não virtual.
Desenvolvimento saudável
O brincar fora das telas contribui para a capacidade criativa para resolução de problemas e para o processo de independência. Sem a devida mediação, a criança pode se perder dentro da própria casa.
O que pode resultar em uma experiencia de abandono ao ser capturada pelo mundo virtual, deixando de vivenciar o calor humano que contribui para o seu desenvolvimento saudável.
Embora as redes sociais sejam uma ferramenta poderosa, elas não são indicadas para crianças, que ainda não possuem a capacidade de distinguir o que é saudável do que é prejudicial.
Diferentes dos outros mamíferos, os seres humanos precisam de cuidado, atenção e supervisão por longo tempo até que possam ter maturidade para avaliarem os riscos.
Exposição precoce
A exposição precoce a conteúdos potencialmente perigosos pode resultar em confusão e vulnerabilidade, uma vez que, sem a supervisão adequada, a criança se vê diante de uma infinidade de informações, muitas delas falsas ou distorcidas.
Ao criar perfis em redes sociais, as crianças acabam construindo identidades virtuais antes de desenvolver uma identidade sólida e autêntica, o que é um dos pilares do crescimento saudável.
Já para os adolescentes, o cenário é ainda mais complexo.
Ao se depararem com um mundo digital que muitas vezes se torna seu espaço privado, eles buscam aprovação e pertencimento, especialmente por meio das interações com o grupo.
Nesse processo, as redes sociais podem ser tanto uma fonte de fortalecimento quanto um disparador de sentimentos negativos, exacerbando inseguranças e colocando em risco a autoestima.
A busca por aceitação pode ser alimentada por comentários e comparações, muitas vezes superficialmente editadas, o que distorce a percepção de si e dos outros.
Território sem regras
É importante lembrar que a internet, sem a devida orientação, é um “território sem regras” para crianças e adolescentes. A interação virtual pode parecer segura, mas, na realidade, apresenta perigos reais, como a manipulação e o contato com desconhecidos que se aproveitam da vulnerabilidade dos jovens.
Os pais, portanto, desempenham um papel essencial na supervisão do uso da tecnologia, limitando o tempo de acesso e acompanhando as atividades realizadas na rede.
Sem esse olhar atento, os riscos aumentam consideravelmente, já que muitas vezes não é possível saber se quem está do outro lado da tela é realmente uma criança ou um adulto com intenções prejudiciais.
No entanto, quando utilizadas de forma positiva e equilibrada, as tecnologias podem ser uma excelente ferramenta de aprendizado e desenvolvimento.
Atividades pedagógicas
Atividades pedagógicas e lúdicas, como jogos educativos e músicas infantis, podem ser aliadas importantes no processo de aprendizagem. O segredo está no equilíbrio: a criança precisa ser estimulada tanto pelo mundo digital quanto pelas atividades manuais, pelo contato com o ambiente físico e pelas interações sociais reais.
A vida fora das redes sociais, longe da velocidade e da superficialidade que muitas vezes marcam a experiência virtual, oferece desafios que exigem paciência, persistência e contato humano.
Verdadeira felicidade
A verdadeira felicidade reside em lidar com as frustrações, as imperfeições e as realidades do cotidiano, sem as edições instantâneas que a tecnologia proporciona.
Portanto, é crucial que pais, educadores e profissionais da saúde mental se atentem ao impacto que a tecnologia tem na formação emocional e social das crianças e adolescentes.
O equilíbrio entre o uso da tecnologia e o desenvolvimento de habilidades afetivas e sociais é o caminho para garantir que as futuras gerações se conectem de maneira saudável consigo mesmas e com o outro, sem se perder em um mundo virtual que, muitas vezes, se revela ilusório e perigoso.