Conforme o autor do livro ‘Lacan para analistas’, José Marcus de Castro Mattos, a psicanálise praticada e pensada no Brasil é uma mixórdia colonizada, intimidada dos pés à cabeça pelo alemão de Freud, pelo inglês de Winnicott, pelo ilegivês de Lacan, pelo lerolês de Joyce, etc.

“Nessa embrulhada, nenhuma linha ou voz em brasilês canibalírico – a nossa língua! – capaz de despertar os psicanalistas brasileiros do delírio segundo o qual seus divãs estão situados em Viena, Londres, Paris ou Dublin e não no Sertão Brasil, esse vastíssimo campo discursivo cujos mais-gozares ressaltam de uma a língua sertoma falada em tupi, em português e em iorubá (a seus postos, tambores: tupíportuguêsiorubá!) – a língua sertoma da qual os transmineiros Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e João Guimarães Rosa (190-1967) são os poetas, os profetas, os mistagogos, os bruxos… Ao lerem esse parágrafo, os psicanalistas brasileiros, dormitando satisfeitos em suas poltronas, engasgam-se com as moscas que engoliram: brasilês canibalírico, a língua sertoma, tupíportuguêsiorubá…”

O psicanalista José Marcus de Castro Mattos é fundador e diretor da Escola Popular de Psicanálise Brasileira: João Guimarães Rosa (EPPB:JGR).

Ficha técnica

Título: Lacan para analistas

Autor: José Marcus de Castro Mattos

Editora: Appris

Páginas: 583 páginas