A Educação e os processos de aprendizagem são temas que vão muito além da simples transmissão de conhecimento. Eles envolvem uma complexa interação entre aspectos cognitivos, emocionais e sociais, que variam de indivíduo para indivíduo.

Dentro desse contexto, a Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA) surge como uma abordagem inovadora e essencial no campo da avaliação psicopedagógica.

Fundamentada em teorias da Psicologia Educacional, Psicanálise e metodologias clínicas consagradas, a EOCA se destaca por sua capacidade de explorar profundamente as dimensões do aprendizado, oferecendo insights valiosos sobre o comportamento, as emoções e as habilidades de crianças, adolescentes e adultos.

Neste texto, vamos abordar os objetivos, aplicações e relevância dessa técnica, tanto em contextos clínicos quanto educacionais, destacando como a EOCA pode contribuir para o desenvolvimento integral do indivíduo, especialmente no cenário atual, em que a educação digital e os desafios emocionais desempenham papéis significativos.

Psicologia Educacional

A psicologia, psicanálise e a educação estão interligadas através da Psicologia Educacional, que é a área que busca entender o comportamento humano durante os processos de ensino e aprendizagem.

Compreendemos que um processo de ensino e aprendizagem exige que a criança ou o adolescente não esteja apenas apto no aspecto cognitivo.

Isso se deve ao fato de que a dimensão emocional do indivíduo é fundamental nesse processo, assim como uma alimentação saudável, habilidades de atenção, capacidades intelectuais e culturais, entre outros fatores.

É fundamental ressaltar o valor da técnica não apenas no contexto clínico psicopedagógico e psicanalítico, mas também no ambiente escolar.

De fato, ela se mostra especialmente relevante nas salas de recurso de Atendimento Educacional Especializado (AEE).

Habilidades e conhecimentos

A abordagem tem como objetivo revelar o que a criança adquiriu em termos de habilidades e conhecimentos. Fundamenta-se na proposta por Pichón Riviére, nos princípios da Psicanálise e na metodologia clínica desenvolvida pela escola de Genebra (BOSSA, 2000, p. 44).

Conforme Paín (1992, p.53), as pessoas estão em variados extremos no que diz respeito à utilização da caixa lúdica, uns apresentando agilidade ao manipular a caixa, enquanto outros, ficam paralisados sem ao menos saberem o que fazer.

Em certas situações, pode haver uma evitação fóbica que responde ao estímulo.

Em outras ocasiões, pode-se perceber um possível afastamento da realidade, onde reina uma indiferença desprovida de ansiedade, levando o indivíduo a se curvar sobre as mesmo em alguns momentos, enquanto em outros se mantém em uma atividade quase catatônica.

Essa dinâmica também requer uma observação e análise cuidadosa por parte do profissional.

Dimensões emocionais e sociais

É precisamente aqui que a psicanálise pode contribuir para as necessidades emocionais que, de certo modo, estão dificultando o desenvolvimento integral das habilidades de aprendizagem do indivíduo.

É insuficiente focar apenas na transmissão do conhecimento sem considerar as dimensões emocionais e sociais dessa pessoa.

No contexto da educação digital a EOCA se torna cada vez mais relevante, já que os estudantes são expostos a diferentes informações em um curto período.

Ferramentas de aprendizagem online como blogs, fóruns e  (vídeos, podcasts, infográficos) podem ser potencializadas com as estratégias de organização cognitiva, ajudando os estudantes a absorver o conteúdo nesse curto espaço de tempo. 

A EOCA contribui muito desenvolvendo no estudante a criticidade, autoconhecimento, replicabilidade, protagonismo e capacidade de solucionar problemas do dia a dia de forma concreta e assertiva.

E MAIS…

A EOCA é uma prática que pode ser empregada para:

  • Explorar as relações da criança com os tópicos abordados nas aulas;
  • Perceber de que maneira a criança lida com novas dificuldades;
  • Reconhecer os sinais de atenção na criança;
  • Compreender a individualidade, as escolhas e o aprendizado anterior da criança.
Referências
BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
PAÍN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médica, 1985.