O tema violência doméstica é recorrente na mídia e sempre levanta diversas questões, como o que faz uma mulher se manter em um relacionamento abusivo e como se livrar desse tipo de relação? De acordo com o neurocientista Fabiano de Abreu Agrela, nem todas as mulheres aceitam esse tipo de situação e denunciam e/ou saem do relacionamento nos primeiros indícios, mas, nos casos em que elas permanecem na relação, vários fatores podem estar relacionados, desde genéticos, distúrbios, educação, cultura.

Conforme o neurocientista Fabiano de Abreu Agrela, a decisão para denunciar é mais complexa que apenas coragem, envolvendo também o contexto em que a personalidade da mulher se formou. “A falta de capacidade na tomada de decisão não tem relação apenas com a coragem. Estamos falando de impedimentos relacionados ao cérebro e, quando falamos de condições cerebrais, falamos de resultado de como o órgão se formatou referente a vertentes ao longo da vida que o moldou. Não é assim tão simples, mas é um processo a ser trabalhado de forma gradativa”, afirma.

Entre os impactos no cérebro da mulher, Agrela relata que situações de violência doméstica, especialmente quando dura muito tempo, gera alterações na anatomia do cérebro, podendo desencadear desde distúrbios mentais a doenças como depressão.

Consciência

O neurocientista complemente que, quando se trata desse tema, especialmente na mídia, é necessário ter muita cautela com a forma como abordar para realmente gerar conscientização. “Temos que ter cuidado sempre em falar sobre isso demasiado para não estimular. É necessário trazer a consciência de forma inteligente. A campanha contra esses problemas mais primitivos, na grande maioria das vezes, é feita de maneira errada e estimula o preconceito por meio da diferença”, avalia.

“Vivemos em uma sociedade com leis. Essas devem ser eficazes para que possam haver limites. Assim como a própria sociedade deve se unir e tentar fazer a sua parte, ajudando essas pessoas que têm maior dificuldade em lidar com situações complexas como a violência doméstica”, ressalta.