Após se especializar em acessibilidade e adequar toda uma vida para receber Carolina, sua filha com paralisia cerebral, o profissional da área de arquitetura e escritor Mário Cezar da Silveira se dedica à literatura como ferramenta de conscientização. Agora, em homenagem à sogra, com quem conviveu diariamente quando acometida pelo Alzheimer, o autor imprime os desafios reais de muitas famílias que enfrentam a doença no livro O que me falta…

A partir de pesquisas e investigações com psiquiatras, gerontologistas e neurologistas, Mário busca despertar no leitor a necessidade de reconectar laços e estimular uma sociedade mais acessível. Anna, a protagonista, entregou 58 anos de casamento a um homem castrador, foi furtada de viver um grande amor. Com a morte do marido, ela passa a querer criar novas memórias e mais uma vez é interrompida, dessa vez pelo Alzheimer.

Conflito

A obra mostra as dores de quem lida com os problemas que a enfermidade traz. Hellen, filha de Anna, vive o drama de voltar para casa, da qual foi expulsa pelo pai, para cuidar da mãe. Como cuidadora, ela passa a viver em conflito ao tentar se reconectar com a figura materna, que se perde em um universo a cada dia mais silencioso.

Sensível ao processo de apagamento da memória, o autor dá voz à protagonista, que narra como enfrenta as dificuldades de mobilidade, a rejeição dessa nova condição e um imenso sentimento de vazio, que só consegue preencher com o avanço do Alzheimer.

O autor apresenta, ainda, conflitos que podem abalar de forma irreparável as relações familiares, como a morte prematura de um filho, a falta de aceitação de transgeneridade e o preconceito racial. Com o intuito de despertar empatia em relação ao envelhecimento e à doença, proporciona a conexão do leitor com as próprias memórias, uma vez que é fácil enxergar a si mesmo em diversos pontos desta história. Trata-se de um romance afetivo sobre a importância das lembranças, liberdade, diversidade e relacionamentos.

Sobre o autor

Mário Cezar da Silveira desenvolveu sua carreira na área de arquitetura e foi obrigado a repensar a vida com o nascimento de sua filha Carolina, com sequelas de paralisia cerebral. Tornou-se um estudioso de acessibilidade e desenho universal e passou a ministrar palestras sobre temas relacionados a pessoas com deficiência. Sua vivência e seu aprendizado culminaram com a necessidade de escrever seu primeiro livro, a.C., d.C. – antes da Carolina, …depois da Carolina, que obteve sucesso e acabou por alimentar seu prazer em escrever.

Ficha técnica

Título: O que me falta…

Autor: Mário Cezar da Silveira

Editora: Letra D’Arte

Páginas: 172