Muitos estudos avaliam que o exercício faz bem para a saúde física e mental. Esse ponto já é quase unânime. Uma nova pesquisa avalia agora a ligação entre as características da vizinhança e o ganho de peso durante a gravidez.

Pesquisadores da Universidade de Columbia descobriram que as grávidas que vivem em ‘bairros caminháveis’ na cidade de Nova York têm menores chances de ganho de peso gestacional excessivo do que aquelas que moram em outros lugares da cidade. “O ganho de peso excessivo ou inadequado durante a gravidez apresenta inúmeros riscos à saúde, tanto para gestantes quanto para crianças. O ganho de peso excessivo nesse período está associado a um maior risco de complicações na gravidez, incluindo hipertensão relacionada à gravidez (pré-eclâmpsia), diabetes gestacional e maior retenção de peso pós-parto a longo prazo. O problema também está associado ao risco de asma e obesidade infantil”, explica o Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.

Mais saúde para as gestantes

O trabalho, publicado na revista Obesity no final de janeiro, é um alerta no sentido do desenvolvimento de investimentos e políticas públicas em Urbanismo para melhorar o acesso das gestantes a locais (parques e áreas de lazer) com o objetivo de estimular e facilitar a prática de exercícios físicos.

Os pesquisadores criaram o termo “caminhabilidade” do bairro, que se refere às características da forma urbana que apoiam e favorecem a caminhada e é definida por critérios que incluem densidade populacional, mistura de uso do solo, densidade da infraestrutura de transporte público e conectividade das ruas. Segundo o estudo, moradores de bairros caminháveis demonstraram praticar mais caminhadas, maior atividade física geral e menor índice de massa corporal (IMC); os bairros caminháveis estão associados a um melhor controle de açúcar no sangue entre pessoas com diabetes tipo II. “Dados os benefícios duradouros de gestações saudáveis para a saúde dos pais e da criança, esta pesquisa fornece um impulso adicional para o uso do design urbano e redução da pobreza para apoiar o peso saudável e reduzir o risco de ganho excessivo de peso gestacional e riscos à saúde”, explica o médico.

Os benefícios da ‘caminhabilidade’

O estudo atual foi realizado em parceria com pesquisadores do Departamento de Saúde e Higiene Mental da cidade de Nova York e usou dados de registros de nascimento para o ano de 2015 para examinar as influências de nível de bairro no ganho de peso excessivo na gestação. Usando dados de prontuários médicos, o departamento compila dados sobre todos os nascidos vivos na cidade, incluindo informações básicas de saúde e demográficas para a gestante e estatísticas de resultado do parto (por exemplo, peso ao nascer e idade gestacional).

Na amostra de 106.285 partos, 42% das gestantes apresentaram ganho de peso excessivo e 26% ganho de peso inadequado. Gestantes que vivem em bairros classificados entre os mais pobres da cidade tiveram uma chance adicional de 17% maior de sobrepeso excessivo.

Atividades de baixo impacto

“Por outro lado, as grávidas que moram em bairros mais bem classificados para ‘caminhabilidade’ tiveram 13% menos chances de ganho de peso excessivo. Esses achados estão alinhados com estudos anteriores na cidade de Nova York que descobriram que tanto a pobreza do bairro quanto a capacidade de caminhar predizem o IMC na população em geral”, explica o médico. “A caminhada na vizinhança provavelmente está associada a um menor risco de ganho de peso devido a diferenças de comportamento durante a gravidez, presumivelmente caminhando para exercícios e atividades diárias.

A quantidade de exercícios que as grávidas fazem vem de atividades de baixo impacto, como caminhar, por isso é fundamental que elas tenham acesso a parques e locais de boa infraestrutura para esse tipo de atividade. Apesar de ser um estudo feito em solo americano, os resultados deveriam, com certeza, impactar as escolhas dos governantes com relação às políticas públicas em Urbanismo”, finaliza o médico.