A pesquisa sobre “O impacto do Exercício Físico aeróbico sobre comorbidade psiquiátrica, impulsividade e comportamento de jogo, em portadores de transtorno do jogo: um estudo randomizado e controlado” foi realizada no Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP.

Classificado, hoje, no DSM-5 entre as dependências, é a primeira vez que se reconhece outro comportamento (apostar), além do uso de substância, como uma dependência.

Evidências apontam melhoras relevantes no funcionamento físico e psicológico propiciadas pela realização de um programa de exercício físico aeróbico (corrida/caminhada), comparado a um grupo de controle ativo (alongamento).

Participaram do estudo 59 pacientes com diagnóstico confirmado de Transtorno de Jogo em início de tratamento, aleatoriamente, para uma, de duas possibilidades: grupo experimental (GE, n=32), com oito semanas de exercício físico, duas sessões de 50 minutos, cada; e grupo controle, com sessões de alongamento de 50 minutos, duas vezes por semana, pelo mesmo período.

Os resultados mostraram reduções significativas na depressão e nas comorbidades psiquiátricas em geral (abuso/dependência de álcool, fobia social, transtorno do pânico, transtorno do estresse pós-traumático e qualquer comorbidade psiquiátrica) em ambos os grupos, após a intervenção.

O grupo que realizou atividade aeróbica apresentou uma redução mais significativa das comorbidades psiquiátricas, quando comparado ao grupo que só realizou alongamento. Ambos os grupos também melhoraram, em relação à impulsividade avaliada em testagem neuropsicológica (controle inibitório e planejamento). As variáveis relacionadas ao jogo, ou seja, às apostas, prejuízo de socialização, desgaste emocional e financeiro, e a “fissura” sofreram reduções significativas ao final da intervenção, para ambos os grupos.

O estudo concluiu que a melhora clínica observada e propiciada pelo exercício físico se dá de forma independente de outros componentes terapêuticos, especificamente psicoterapia e medicação, portanto, um programa de exercícios físicos pode representar intervenções rentáveis e acessíveis no tratamento do Transtorno do Jogo (custo baixo e sem efeitos colaterais).