Ingerir a vítima é uma demonstração de poder absoluto e de “eternizar” a vítima dentro dele, como se não fosse mais sair e estivesse fixada em seu interior. Isso tem relação com o abandono sofrido por ele, assim como a não aceitação das pessoas pelo seu jeito diferente, que causava estranheza nas pessoas. O apego extremo, devido a essa falta, pode se tornar desejo sexual através de fantasias.

Há possibilidades, também, de maus tratos de seus pais, omitidos por eles à justiça. Na escola, Jeffrey buscava maneiras de chamar a atenção, mesmo que de forma bizarra, era um pedido de ajuda.    

Analisando as perturbações

Analisando as perturbações que Jeffrey tinha, divulgados por psiquiatras do caso, que eram transtorno de personalidade borderline, transtorno de personalidade esquizotípica e psicose, já podemos entender seu comportamento como mostrado na série.  

Pessoas com transtorno de personalidade borderline tem a maneira como pensa e sente sobre si mesmo e os outros afetadas. Causando problemas de autoimagem, dificuldade em gerenciar emoções e comportamentos e um padrão de relacionamentos instáveis.  

O transtorno de personalidade esquizotípica é caracterizado por ansiedade social grave, transtorno do pensamento, ideação paranoide, desrealização, psicose transitória (ou não ansiada) e muitas vezes crenças não convencionais. Extremo desconforto em manter e formar relacionamentos próximos, principalmente por achar que seus pares nutrem pensamentos negativos em relação a ele.

Percepções anormais

Os transtornos psicóticos são transtornos mentais graves que causam pensamentos e percepções anormais.

Os acontecimentos ao longo de sua vida foram gatilhos desencadeadores. Já havia um precursor genético que junto à má criação e acontecimentos em seu desenvolvimento desencadearam o que hoje sabemos. É possível uma pessoa ter mais de um transtorno concomitantes, bem como existe o Transtorno Misto de Personalidade, onde a pessoa tem traços de diferentes distúrbios.

O que se pode afirmar é que ele tinha um desejo obsessivo por dominar, uma necessidade por controle e em possuir de forma permanente suas vítimas, tendo como ponto-chave a obsessão pela beleza física, uma espécie de conquista.  

Histórico de vida

Jeffrey foi descrito como uma criança solitária e com o bizarro interesse por animais mortos e pela conservação de suas ossadas – tendo pedido ao pai para ensiná-lo a conservar os ossos – também viciado em bebidas e cigarros e com problemas em se enturmar.  

Os impulsos canibais do serial killer podem ser explicados por apegos extremos, insegurança e dificuldade em manter relacionamentos, como eu disse antes, ingerir partes da vítima é visto como uma forma de mantê-la dentro dele ‘eternamente’.  

Sua mãe tinha histórico de depressão e de discussões com vizinhos e com o marido, tendo tentado se suicidar, seu pai era ausente devido aos estudos na universidade.  

E seu cérebro?

Seu cérebro não pôde ser estudado, apesar de vários profissionais e sua mãe terem interesse, seu pai não permitiu. Me baseando em estudos com assassinos, posso determinar a neuroanatomia entender melhor o comportamento e os transtornos derivados.  

Em teste de Varredura cerebral (PET) de um controle normal comparando a de um assassino. É visto a falta de ativação no córtex pré-frontal no assassino.

O funcionamento deficiente do córtex pré-frontal predispõe um indivíduo à violência de várias maneiras:

– Em um nível neurofisiológico, o funcionamento pré-frontal reduzido pode resultar em perda de controle sobre estruturas subcorticais como a amígdala, relacionada à origem de sentimentos agressivos.

– Em um nível neurocomportamental, o dano pré-frontal tem sido associado a riscos, irresponsabilidade, quebra de regras, explosões emocionais e agressivas e comportamento argumentativo – todos os quais predispõem a atos criminosos violentos.

– No nível da personalidade, o dano frontal em pacientes neurológicos está associado à impulsividade, perda de autocontrole, imaturidade, falta de tato, incapacidade de modificar e inibir o comportamento adequadamente e mau julgamento social. Estes, também, podem predispor à violência.

-No nível social, a perda de flexibilidade intelectual, habilidades de resolução de problemas e capacidade reduzida de usar informações fornecidas por pistas verbais – todas resultantes de disfunção pré-frontal – podem prejudicar habilidades sociais essenciais para formular soluções não agressivas para encontros turbulentos.

Redução da habilidade verbal

O giro angular esquerdo, na junção das regiões temporal, parietal e occipital do cérebro, apresenta redução da habilidade verbal em assassinos.

Uma confirmação interessante dessa interpretação é que os déficits de aprendizado são incomumente comuns em infratores violentos. Jeffrey é um exemplo disso, era um péssimo aluno.  

Também foram encontrados em assassinos redução do funcionamento do corpo caloso, a faixa de fibras nervosas brancas de comunicação entre os hemisférios cerebrais esquerdo e direito.  

Emoção negativa

O hemisfério direito está envolvido na geração de emoção negativa. Em testes com ratos, o hemisfério esquerdo normalmente atua para inibir a tendência de matar do hemisfério direito.

Também é observado em assassinos funcionamento incomum em regiões subcorticais, incluindo amígdala, hipocampo e tálamo.  

A amígdala, o hipocampo e o córtex pré-frontal estão envolvidos no controle da emoção; juntamente com o tálamo, são fundamentais para a aprendizagem, memória e atenção.  

Anormalidades na amígdala está de acordo com a teoria destemida da violência, uma vez que os ofensores têm reduzido a excitação autonômica.

Os assassinos parecem ter recrutado a área visual do córtex occipital do cérebro para uma ação vigorosa para ajudá-los a realizar a tarefa visual, compensando assim seu mau funcionamento pré-frontal. A atividade subcortical excessiva pode predispor a um temperamento agressivo.