O bilionário Elon Musk é um dos protagonistas do desenvolvimento de implantes cerebrais e apresenta perspectivas até de controle de doenças. Mas, afinal, isso pode ser possível? O cérebro é um dos órgãos mais intrigantes do corpo humano. Desde civilizações antigas à sociedade científica moderna, ele tem recebido bastante atenção. Mesmo assim, ainda se sabe relativamente pouco sobre o seu funcionamento. Por isso, cada vez mais, os cientistas buscam penetrar mais profundo nesse órgão, o que ocorre na forma de diversas pesquisas, com destaque para os chamados implantes cerebrais.

Implantes cerebrais são pequenos dispositivos inseridos cirurgicamente no cérebro. Projetados para estimular, influenciar, registrar ou modular atividades neurais, têm potencial terapêutico em distúrbios neurológicos, pesquisa neurocientífica e interfaces cérebro-máquina. Recentemente, os chips cerebrais que estão em desenvolvimento pela Neuralink, de Elon Musk, chamaram a atenção do mundo ao iniciar a busca por voluntários humanos para testes dos novos implantes anteriormente feitos em animais.

O projeto utilizará um robô para implantar o dispositivo em uma área cerebral ligada ao controle dos movimentos voluntários. Segundo a Neuralink, o foco inicial é viabilizar o controle de um cursor de computador ou teclado apenas com o pensamento. Além disso, o implante pretende facilitar o tratamento de condições como obesidade, autismo, depressão e esquizofrenia.

Novas proporções

De acordo com o neurocirurgião Bruno Burjaili, implantes cerebrais já são usados no tratamento de condições neurológicas, mas, com o desenvolvimento de novas tecnologias, pode ganhar novas proporções. “Atualmente, já utilizamos um implante de eletrodo cerebral no tratamento de doenças como Parkinson, tremor essencial e distonia. Essa tecnologia permite a redução de tremores, rigidez, lentidão e alguns outros sintomas que atrapalham bastante o cotidiano de quem tem esses problemas. O surgimento de novas possibilidades nessa área pode, não apenas aperfeiçoar o que já fazemos, como abrir o leque de opções para outras doenças e, eventualmente, até a utilização do pensamento para interações com a máquina que não sejam estritamente relacionadas à medicina”, avalia.

Para Bruno, esse outro tipo de aplicação, em quem não está sofrendo com doenças, traz à tona discussões éticas e filosóficas importantes. “Devemos ser bastante cautelosos desde o início desse tipo de iniciativa para que evitemos consequências indesejadas no futuro. Essas discussões vão desde os limites da capacidade humana até o risco de uma assimetria no acesso a essas possibilidades, o que poderia estabelecer desigualdades sociais insuperáveis”, afirma.