De acordo com o Ministério da Saúde, a morte autoprovocada é quatro vezes maior entre homens. Além disso, dados da  Telavita, clínica digital de psicologia e psiquiatria, apontam que indivíduos do sexo masculino representam 33,80% do total de pacientes da plataforma. Entre as principais queixas relatadas por eles estão: ansiedade, estresse, questões financeiras e problemas de relacionamento.

De acordo com Brunno Zacharias, psicólogo da Telavita, o estigma em torno da masculinidade tem um impacto significativo na disposição dos homens em buscar ajuda para questões de saúde mental.

“Há mais de um século, o patriarcado perpetua uma visão distorcida do que significa ser masculino, associando a ideia de força, resistência e autossuficiência. Essa construção social leva muitos homens a relutar em procurar ajuda, acreditando que devem ser fortes e autossuficientes o tempo todo. Essa pressão para se conformar com essas normas de masculinidade pode levar os homens a suprimir suas emoções e a evitar procurar ajuda quando estão lutando com problemas de saúde mental. Isso pode resultar em sentimentos de isolamento, estresse e ansiedade”, completa o profissional.

Estigma da masculinidade tóxica

Para Zacharias, entre as barreiras que ainda necessitam ser superadas estão: estigma e discriminação em torno do tema, masculinidade tóxica imposta por normas culturais, inibição emocional, solidão e depressão, subutilização de serviços de saúde e falta de conscientização.

Quando questionado sobre uma possível solução, ele acredita que é fundamental promover uma compreensão mais diversificada do que significa ser homem, estudar como essas crenças influenciam a saúde mental masculina e compreender que a terapia deve ser personalizada para atender às necessidades específicas de cada pessoa.

“Existem várias abordagens e estratégias de tratamento eficazes. Homens e mulheres podem responder de forma diferente a certos tipos de terapia. Por exemplo, os homens podem se beneficiar de abordagens que reconhecem sua tendência de querer ‘resolver’ problemas, enquanto terapias que incentivam a expressão emocional podem desafiar normas de gênero prejudiciais”, diz o especialista.

Romper com o individualismo

Para apoiar melhor a saúde mental dos homens, é fundamental romper com a lógica de concorrência e individualismo, promovendo cooperação e comunidade. As empresas podem desempenhar um papel crucial, comprometendo-se seriamente com programas de saúde mental e emocional para seus funcionários.

“Este comprometimento com a saúde mental e emocional dos seus funcionários impacta diretamente na qualidade da sociedade que temos hoje e queremos construir, pois esses funcionários são pais, irmãos, filhos que interagem com dezenas, centenas de pessoas diariamente”, reforça Bruno.

Por fim, o psicólogo recomenda aos homens que não hesitem em buscar ajuda. “Reconhecer e falar sobre as nossas sombras, ilusões, limitações, sentimentos, são movimentos essenciais para que eu possa me tornar um melhor pai, amigo, marido, colega de trabalho, irmão etc. Não se isole, procure ajuda profissional, e tenha autocompaixão”, finaliza.