De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, 10,2% dos brasileiros adultos foram diagnosticados com depressão, um aumento em relação a 2013 (7,6%). Isso equivale a 16,3 milhões de pessoas, com maior prevalência em áreas urbanas (10,7%) do que rurais (7,6%). E segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com maior prevalência desse transtorno mental na América Latina.
Recentemente, vários famosos vieram a público contar suas experiências com a depressão, como o ídolo do Flamengo Adriano Imperador, que, em sua autobiografia, fala sobre o assunto. “Eu não tinha ânimo para acordar cedo e ir treinar com vontade. Minha única preocupação era beber e ir pra balada. Essa rotina não me deixava feliz ao contrário do que muita gente imagina. Na época, eu não sabia, mas tinha entrado em depressão”, contou o jogador.
O ator Selton Mello também se abriu sobre seu estado de saúde mental e uso de remédios para moderação de apetite. “Eu estava tomando coisas de médicos da moda, aquilo não era bom pra mim. Fez muito mal para minha cabeça. Levou, inclusive, a um estado de depressão”, relatou.
A depressão é um transtorno mental que afeta pensamentos, emoções e comportamentos, causando tristeza persistente, desânimo e perda de interesse. Nesta entrevista, o assunto é abordado pelo neuropsiquiatra Mário Luiz Furlanetto Júnior. Ele é especialista em pesquisa de síndromes, cirurgião vascular e endovascular, neurocientista clínico voluntário há mais de 6 anos e mestre em saúde e envelhecimento. Lidera desde 2021 pesquisas que levaram à descoberta da Síndrome Z, uma condição intergeracional associada a comportamentos familiares disfuncionais.
Quais são os sintomas mais comuns da depressão?
Os sintomas mais comuns da depressão são perda de interesse em atividades diárias, fadiga e cansaço excessivo, alterações no apetite e no sono, insônia primária, irritabilidade e conflitos familiares desadaptativos, assim como estresse crônico.
O que explica o aumento de casos de depressão?
A depressão é multifatorial, ou seja, não dá para apontar apenas uma causa do aumento de casos, mas podemos observar que fatores de risco para a condição estão muito mais presentes na rotina das pessoas hoje em dia, como o isolamento social, o uso exagerado das redes sociais, o estresse, o sedentarismo, a falta de sol e o consumo excessivo de álcool. A depressão é silenciosa e subdiagnosticada nas fases leves a moderadas e, em 60% dos casos, apresenta um complexo emocional iniciado na infância que influencia na fase adulta.