O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking global de Burnout, segundo levantamento recente publicado pela Vocerh (2024).

Dados da ISMA-BR revelam que 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome, caracterizada por exaustão emocional, sensação de ineficácia, despersonalização e esgotamento físico e mental.

Na prática, o Burnout não impacta apenas a saúde dos trabalhadores, mas também o desempenho das empresas, gerando queda de produtividade, aumento do absenteísmo e até desligamentos.

Para Nayara Teixeira, psicóloga, especialista em saúde ocupacional e diretora da Mapa HDS, empresa especialista na avaliação, diagnóstico e monitoramento de aspectos psicológicos e psicossociais, o combate à sobrecarga precisa ser uma responsabilidade coletiva e organizada, que combina gestão de dados, diagnóstico de riscos psicossociais e ações estruturais nas empresas.

A psicóloga multiplica sua expertise e menciona estratégias que podem ajudar na redução da sobrecarga e na prevenção do Burnout:

Avalie os riscos psicossociais no ambiente de trabalho

O primeiro passo é olhar para os fatores que podem estar adoecendo os trabalhadores: sobrecarga, metas incompatíveis, jornadas extensas, falta de autonomia, relações interpessoais tóxicas, entre outros. Ferramentas de avaliação de riscos psicossociais são fundamentais para mapear esses riscos e minimizar os problemas.

Promova uma cultura de segurança psicológica

Ambientes onde os trabalhadores se sentem seguros para expressar preocupações, apontar erros e pedir ajuda sem medo de retaliação são menos propensos a desenvolver quadros de adoecimento emocional. A segurança psicológica precisa ser cultivada nas relações, na liderança e na comunicação interna.

Revise a gestão da carga de trabalho

Burnout não é um problema individual, é estrutural. Por isso, é essencial avaliar se as demandas, prazos e expectativas são coerentes com os recursos disponíveis. Redistribuir tarefas, rever processos e contratar reforços, quando necessário, são medidas que fazem a diferença.

Fortaleça práticas de gestão humanizada

Lideranças bem preparadas são chave para prevenir o adoecimento. Capacite gestores para que consigam identificar sinais de exaustão, conduzir conversas sensíveis e apoiar os trabalhadores na busca por equilíbrio.

Implemente políticas de bem-estar realistas e efetivas

Não basta oferecer soluções superficiais, como palestras ou brindes. É necessário criar políticas consistentes, como incentivo a pausas, desconexão fora do horário, apoio psicológico, flexibilização quando possível e ações de promoção à saúde, adequando sempre ao problema identificado no diagnóstico.

Monitore os riscos psicossociais 

Manter um acompanhamento dos riscos psicossociais é essencial. Taxas elevadas de absenteísmo, presenteísmo, rotatividade e até aumento de queixas físicas, como dores musculares, podem ser reflexos indiretos de estresse prolongado e sobrecarga no ambiente de trabalho. Monitorar esses dados permite intervenções mais rápidas e assertivas.

Trabalhe o desenvolvimento de competências socioemocionais

Fomentar habilidades como autorregulação emocional, comunicação não violenta, empatia e gestão de conflitos fortalece a saúde mental coletiva e melhora o clima organizacional.