O estudo convida profissionais de todo o país para responderem questionário sobre as temáticas do cuidado com a saúde do recém-nascido.

O objetivo central de pesquisa conduzida por Cristina Ortiz, docente do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no âmbito do Curso de Especialização em Dor da Instituição, é conhecer as práticas relacionadas à dor do recém-nascido e à empatia clínica que envolve a relação paciente-profissional.

Empatia clínica

De acordo com Ortiz, embora não haja uma definição única, a empatia clínica é a empatia que ocorre nos cuidados em saúde.

“Envolve a relação paciente-profissional, no campo individual, centrado no paciente. Compreende o entendimento da perspectiva do paciente, o compartilhamento de emoção e uma ação resultante, sem contudo perder a noção do ‘eu-ele’. Nós, enquanto profissionais, jamais saberemos exatamente o que se passa com o outro, mas é fundamental que tenhamos essa intenção de forma a ajudá-lo”, descreve a professora. 

Outras formas de comunicação

No caso dos recém-nascidos, o manejo da dor tem particularidades e Cristina Ortiz destaca a incapacidade de comunicação verbal desses bebês, tornando-se primordial outras formas de comunicação.

“Além disso, os remédios que são usados para adultos nem sempre são seguros para esta faixa etária. O metabolismo dos medicamentos também é diferente, devendo ser levado em consideração”, exemplifica.

De acordo com ela, existem escalas para avaliação da dor neonatal, mas as práticas estão aquém do desejado no que se refere ao treinamento direcionado para essa avaliação.

Perspectiva do bebê

“Nesse sentido, entender a perspectiva do bebê, compartilhar esta perspectiva e emoção envolvida e agir em resposta a isto pode contribuir para a mudança destas práticas”, defende a pesquisadora. 

A preparação para o atendimento qualificado à dor neonatal é uma questão importante e que demanda ações de treinamento e capacitação desses profissionais.

Estudo anterior

Ortiz relata que, em estudo anterior, observou-se que profissionais com residência em Neonatologia – treinamento em serviço específico para este cuidado – apresentaram maior conhecimento sobre dor nestes pacientes.

“Mas temos muitos profissionais que atuam com recém-nascidos que não são especialistas”, observa a professora, destacando a relevância dessa formação. 

A expectativa da atual pesquisa é encontrar relação entre a empatia e as práticas em dor. A docente aponta que, se isto for comprovado, será sugerido que os treinamentos em dor incorporem a empatia clínica em seu conteúdo. 

Para desenvolver o estudo, são convidados pediatras, fisioterapeutas e enfermeiros (as), que trabalhem com recém-nascidos, para responderem a um questionário eletrônico sobre os temas.

Para o trabalho do psicólogo, é importante esse profissional estar atento aos resultados desses estudos para ter informações que possam apoiar a abordagem integrada que considera não só o bebê, mas também toda a família e o ambiente de cuidado que esse momento envolve.

É fundamental proporcionar um cuidado integral que atenda tanto às necessidades fisiológicas quanto emocionais da família. A atuação do psicólogo abrange desde a avaliação e manejo da dor e do estresse no bebê até o suporte emocional e a promoção do vínculo familiar, contribuindo para um desenvolvimento mais saudável e um ambiente de cuidado mais acolhedor.

O trabalho efetivo do psicólogo

  • Observação e avaliação comportamental: Mesmo sem a linguagem verbal, os recém-nascidos manifestam reações que podem indicar desconforto, dor ou estresse. Psicólogos podem ajudar na identificação precoce de sinais atípicos no desenvolvimento, colaborando com a equipe multidisciplinar.
  • Intervenção precoce: A avaliação detalhada permite a implementação de intervenções que promovam o desenvolvimento saudável e a prevenção de futuros transtornos.

Estresse Neonatal

  • Manejo não farmacológico da dor: Estudos indicam que intervenções como o contato pele a pele (método canguru), amamentação, uso de música suave e técnicas de relaxamento podem reduzir a percepção de dor e estresse em recém-nascidos. O psicólogo, trabalhando em conjunto com a equipe médica, pode auxiliar na criação e aplicação desses protocolos.
  • Atenção ao ambiente hospitalar: Em unidades de terapia intensiva neonatal (UTIN) ou setores de alto risco, a humanização dos cuidados é fundamental. O psicólogo contribui para adaptar o ambiente de forma a minimizar estímulos estressantes e promover o conforto do bebê.

Suporte psicológico à família

  • Apoio emocional aos pais: O período pós-parto pode ser repleto de ansiedades e incertezas. Psicólogos oferecem suporte para que os pais entendam e interpretem os sinais do bebê, fortalecendo o vínculo afetivo e auxiliando na gestão do próprio sofrimento.
  • Mediação do vínculo: Promover o contato afetivo e a compreensão mútua entre pais e filho é essencial para o desenvolvimento emocional saudável, e o psicólogo atua como facilitador nesse processo.

Equipe multidisciplinar

  • Trabalho conjunto com profissionais de saúde: A intervenção do psicólogo complementa a atuação médica e de enfermagem, proporcionando uma visão mais ampla e humanizada do cuidado ao recém-nascido. Essa colaboração é fundamental para implementar estratégias que reduzam a dor e o estresse do bebê.
  • Capacitação e treinamento: Psicólogos também podem atuar na formação e atualização de equipes, sensibilizando-as sobre a importância do cuidado emocional e do manejo adequado da dor neonatal.

Novas abordagens

  • Estudos sobre dor e estresse neonatal: A contribuição dos psicólogos em pesquisas pode levar à identificação de novas estratégias de intervenção, aprimorando os protocolos de cuidado e proporcionando evidências para práticas mais humanizadas e eficazes.

Como participar

Os profissionais interessados em colaborar com o estudo podem acessar o formulário (https://bit.ly/3R4VQqo) até o final do mês de março.

Mais informações podem ser solicitadas pelo e-mail cristina.ortiz@ufscar.br. Projeto de pesquisa aprovado pelo Comitê de Ética da UFSCar (CAAE: 79823924.7.0000.5504).