Enquanto o burnout é resultado do excesso de trabalho e estresse crônico, o boreout surge da falta de desafios, tédio e subutilização das habilidades profissionais.
Como CEO de três empresas, consultora de carreira e especialista em saúde mental no trabalho, tenho observado um aumento alarmante de profissionais que, mesmo em empregos estáveis, sentem-se desmotivados, desengajados e emocionalmente esgotados – não pela sobrecarga, mas pelo vazio de significado.
Neste artigo, trago dados atualizados de 2025, pesquisas científicas e estratégias práticas para identificar e combater o boreout antes que ele cause danos irreversíveis à carreira e ao bem-estar.
O que é o boreout?
O boreout (do inglês “boredom”, tédio) é um estado de esgotamento profissional causado pela ausência de estímulos intelectuais, tarefas desafiadoras e senso de propósito.
Ele se manifesta por meio de:
– Tédio crônico no trabalho
– Sensação de inutilidade e subutilização
– Falta de motivação e engajamento
– Sintomas físicos e emocionais, como fadiga, ansiedade e depressão
“Enquanto o burnout grita, o boreout sussurra. Ele é um mal silencioso que corrói a autoestima e a confiança profissional sem que a pessoa perceba,” explico em minhas mentorias.
Dados alarmantes em 2025
Pesquisas recentes mostram que o boreout já atinge níveis epidêmicos no mercado de trabalho: 41% dos profissionais brasileiros relatam sentir tédio frequente no trabalho, segundo o Instituto Gallup (2025). 1 em cada 3 funcionários em grandes empresas dizem que suas habilidades estão sendo subutilizadas (LinkedIn, 2025). 57% dos casos de demissão voluntária estão ligados à falta de desafios, e não à carga excessiva (Harvard Business Review, 2025). Profissionais em boreout extremo têm 2x mais chances de desenvolver depressão e ansiedade (OMS, 2025).
“O boreout é especialmente perigoso porque muitas vezes é confundido com preguiça ou falta de ambição. Mas, na realidade, é um sinal de que o cérebro está sendo privado do que mais precisa: estímulo e propósito,” alerto.
Por que o boreout acontece?
Empresas priorizam produtividade em detrimento de propósito Muitas organizações focam apenas em metas operacionais, esquecendo-se de engajar e desafiar seus colaboradores.
Dado: 68% dos profissionais dizem que suas tarefas diárias não estão alinhadas com suas verdadeiras habilidades (McKinsey, 2025). Cultura do “presenteísmo” (ficar no trabalho sem produzir). Profissionais ficam presos em empregos que não os desafiam por medo de sair ou falta de oportunidades melhores.
Dado: 45% dos funcionários em boreout permanecem em seus cargos por mais de **dois anos sem crescimento (Glassdoor, 2025). Falta de autonomia e criatividade Microgestão e processos engessados sufocam a inovação, levando à estagnação. Dado: 73% dos profissionais em boreout afirmam que não têm liberdade para propor mudanças (TINYpulse, 2025).
Como identificar o boreout?
Sinais emocionais: Sensação de tédio constante Desinteresse por projetos novos Frustração por não usar todo o potencial
Sinais comportamentais: Procrastinação excessiva Busca por distrações (redes sociais, conversas paralelas) Queda de produtividade sem motivo aparente
Sinais físicos: Cansaço crônico, mesmo dormindo bem Dores de cabeça e musculares sem causa médica Problemas gastrointestinais ligados ao estresse “Muitos profissionais só percebem que estão em boreout quando já estão à beira de uma crise. Por isso, é fundamental agir antes que o tédio se transforme em desespero,” reforço.
Como superar o boreout?
Para profissionais: Redefina seu propósito no trabalho: – Peça novos desafios ou projetos paralelos. – Busque cursos e certificações para se requalificar.
Converse com seu gestor: – Aborde o problema com dados: “Tenho capacidade para mais. Como podemos ajustar minha rotina?” – Sugira mudanças de função ou rotatividade de tarefas.
Considere uma mudança de carreira: – Se a empresa não oferecer crescimento, avalie novas oportunidades. – Invista em networking e esteja aberto a transições.
Para empresas Ofereça rotatividade de funções – Permita que colaboradores experimentem diferentes áreas.
Crie programas de mentoria e desenvolvimento – Invista em treinamentos que desafiem os funcionários.
Promova uma cultura de feedback – Identifique talentos subutilizados e ofereça oportunidades reais de crescimento.
Do tédio à reinvenção
O boreout é um risco real e crescente, mas não precisa ser uma sentença. Se você se identificou com os sinais, agir agora pode evitar consequências mais graves.
“O trabalho deveria ser um espaço de crescimento, não de estagnação. Se você está sentindo que seu potencial está sendo desperdiçado, é hora de reivindicar mais – ou buscar um ambiente que valorize o que você tem a oferecer,” finalizo.