Nunca tivemos tanta tecnologia para conectar e criar, mas continuamos presos a uma mentalidade de escassez – herança tóxica da Revolução Industrial que nos fez acreditar que o sucesso é uma competição – um jogo em que algumas pessoas perdem e outras, ganham.
Os números do Edelman Trust Barometer são alarmantes: 72% dos brasileiros demonstram receio de que seus líderes estejam mentindo. Essa desconfiança paralisa e transforma potenciais agentes de mudança em meros espectadores do próprio destino.
Análise do cenário atual
Na minha prática consultiva, identifico três manifestações claras que contribuem para esse cenário:
Culturas de acumulação – onde informações e oportunidades são guardadas como tesouros;
Estruturas hierárquicas engessadas – que sufocam a colaboração entre áreas e a aversão ao risco.
Impactos reais – segundo o MIT Sloan, equipes que operam de forma desconectada do contexto mais amplo, sem acesso a clientes ou stakeholders importantes, resultam em falta de visão, recursos e conhecimento necessários.
Mentalidade de abundância
Para que as organizações façam uma transição para uma mentalidade de abundância, algumas práticas podem ser transformadoras, entre elas o compartilhamento de conhecimento, os rodízios de liderança e os laboratórios de experimentação, onde falhar é parte do processo.
Também é fundamental se fazer frequentemente a pergunta: “Que muros estamos construindo sem perceber?”. Afinal, o futuro não pertence aos mais bem equipados, mas aos mais corajosos – justamente aqueles que entendem que a verdadeira escassez está na falta de ousadia para se reinventar.
Como costumo dizer aos meus alunos: segurança excessiva é o maior risco em tempos de mudança. O antídoto? Cocriação corajosa, um dia de cada vez. A mudança começa quando decidimos enxergar além das bolhas que nós mesmos criamos.