A cafeína é uma substância encontrada em diversas plantas, sendo mais conhecida por sua presença no café. Trata-se de um estimulante natural do sistema nervoso central, proporcionando um aumento temporário de energia e alerta, mas seus benefícios podem ir além da estimulação energética.

De acordo com um novo estudo publicado na revista científica The Lancet – Regional Health, a ingestão de cafeína ajuda a reduzir o risco da doença de Parkinson comparando indivíduos que consumiam cafeína e indivíduos com propensão genética à doença. Segundo o neurocirurgião Bruno Burjaili, especialista na área, a relação entre cafeína e Parkinson abordada pelo estudo é promissora, mas novos estudos podem ajudar a entender quais quantidades funcionam melhor.

“Já é estabelecido na ciência médica que a cafeína pode reduzir o risco de que alguém desenvolva a doença de Parkinson e eventualmente reduzir o impacto da sua progressão em quem já tem a doença. Esse estudo mostrou que, para quem não tem uma determinada mutação genética e toma cafeína, o risco pode chegar a ser oito vezes menor do que em algumas pessoas que têm essa variação genética e não consomem cafeína. Desse modo, podemos reforçar a sugestão em nossa prática clínica de que as pessoas que não tenham contraindicação consumam cafeína regularmente, particularmente aquelas com familiares próximos que têm a doença de Parkinson”, afirma o médico.

Ele complementa que também seria interessante que estudos futuros tentassem quantificar melhor o risco de acordo com a dose e com a quantidade de cafeína consumida para que as orientações aos pacientes sejam ainda mais precisas.

Predisposição genética

Alguns genes específicos e mutações nesses genes estão fortemente associados ao desenvolvimento de Parkinson, como o LRRK2, que também foi analisada no estudo em comparação com o risco de indivíduos que consomem cafeína regularmente.

“Um aspecto muito interessante é que quem consumiu cafeína regularmente, mesmo tendo uma variação do gene relacionada à doença, apresentou um menor risco de desenvolvê-la do que quem não consumiu a cafeína sem ter essa variação. Isso sugere, ainda que de modo superficial, que o consumo da substância seria mais protetor do que não ter a genética”, pontua.