A Hierarquização Horizontal é o gravando o quadro há uma tendência social, compartilhada inclusive pelos próprios médicos, de hierarquizar doenças, onde se coloca doença observável fisicamente como merecedoras de mais atenção e capazes de ameaçar a vida do indivíduo. Ao passo que aquele que sofre sem apresentar alterações orgânicas, é relegado à condição de portador de “doenças de segunda categoria, pouco merecedoras de atenção e cuidados”. Com isso, as doenças psíquicas são delegadas a segundo plano. As doenças que não são identificáveis em exames laboratoriais, isto é, não comprovadas por números, índices, imagens são desacreditadas pela população. Questiona-se muito sobre a depressão de alguém, desvaloriza-se o transtorno de ansiedade de uma pessoa, mas muitos não têm dimensão de quão incapacitantes esses transtornos podem ser na vida de uma pessoa. Mas se a pessoa estiver com uma doença orgânica, merece respeito. Portanto, inconscientemente hierarquizamos horizontalmente, isto é, a doença emocional/psicológica passa a ser orgânica e se estabelece de fato a somatização.

 Já a Hierarquização Vertical é a capacidade que a pessoa tem de ampliar, agravar ou agrupar doenças com a finalidade de impedir a cura. Ocorre um processo de adoecimento contínuo que vai se complicando e dificultando as intervenções necessárias para o equilíbrio. É um processo de boicote inconsciente da possibilidade de cura. As doenças vão se acumulando e a pessoa passa a ser “pluripatológica”, isto é, apresenta várias doenças e que o remédio para uma delas geralmente causa agravamento da outra. Ou, o estado da pessoa é tão crítico que, mesmo sendo necessária uma intervenção cirúrgica, ela não pode ser feita, pois acarreta riscos de vida devido a outros fatores patológicos. É aquele paciente que se torna uma “bomba relógio”, pois seu quadro patológico é tão amplo que fica difícil ser tratado. A hierarquização vertical vai sendo construída aos poucos, mas em última instancia chega-se à morte.

A parte do corpo elegida para adoecer

Quando e para adoecermos, elegemos, sempre inconscientemente, um órgão / função / sistema para externalizar a doença de todo o nosso ser. O termo “”eleição” é curioso, porém bastante apropriado neste caso. Este órgão / função / sistema é escolhido por ser: O órgão com menos resistência no organismo do indivíduo, geralmente no processo de formação física embrionária e também depois do nascimento, no crescimento físico da pessoa. Nesse crescimento que ocorre por mais ou menos 20 anos da vida, geralmente um ou outro órgão não tem o desenvolvimento pleno, ele tem adequação de funcionamento, mas é mais sensível ao estresse ou algum outro fator causador de desequilíbrio físico. Ocorre uma recorrência de adoecimento neste órgão. Exemplo: sempre que tem uma tristeza, estresse ou problema, a pessoa fica com gripe muito forte.

Correlação e simbolismo

Por ter correlação e simbolismo com os conflitos internos. A Psicossomática estabelece correlações entre órgãos e emoções, isto é, quando a pessoa apresenta recorrência de doenças no fígado, por exemplo, além dos fatores agressivos naturais (comida gordurosa, bebida alcoólica) podemos levantar as características psicoemocionais (mau humor, alto grau de perfeccionismo, rigidez); nos rins (sensibilidade alta, carência afetiva), dor aguda nas costas (alto grau de exigência consigo e com os outros) são alguns exemplos.

Por ser o órgão aprendido como ideal para desencadear uma maior catarse social ou familiar. Geralmente, em uma família em que uma determinada doenças já acometeu algum membro, tendo inclusive chegado à morte, é comum que ao apresentar alguns sintomas desta patologia, todos os familiares passam a ter muita atenção e preocupação a pessoa. Exemplo: se em um grupo familiar alguém morreu de câncer na garganta, qualquer dor de garganta que alguém tenha será motivo de preocupação. Já em uma família que não passou por esse luto, não é comum fazer a relação da dor de garganta de alguém como sendo algo perigoso.

E MAIS…

O ser humano inteiro

Algo importante deve ser enfatizado, que é uma máxima da Psicossomática: mesmo que a doença seja pontual, isto é, em um órgão especifico, não dizemos que a pessoa está doente deste órgão, mas sim que ele está doente (no todo) manifestado neste órgão. É o ser humano inteiro que está doente, e não uma parte dele, pois somos uma única estrutura onde todos os órgãos estão interligados (uma coisa só) dependendo um do outro.

O potencia, frequência e intensidade dessas hierarquizações são responsáveis pelo controle, e até a cura da patologia, ou seu agravamento, podem chegar ao óbito da pessoa.