A contoterapia é uma abordagem terapêutica leve, lúdica e, ao mesmo tempo, mexe com questões profundas nas pessoas por meio da utilização de histórias e narrativas como ferramentas para promover o bem-estar emocional e psicológico. Nesta entrevista, o assunto é aprofundado pela psicanalista e contoterapeuta Beatriz Felizarda.
Nascida em Santa Rita do Araguaia, Goiás, ela é graduada em pedagogia e filosofia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com pós-graduação em psicanálise clínica. Foi representante do Conselho Brasileiro de Psicanálise nos Emirados Árabes e Qatar.
Depois de vários anos morando e trabalhando em cinco países, está de volta ao Brasil, atendendo presencial e on-line em seu consultório localizado em Itapema, litoral de Santa Catarina. Periodicamente, desenvolve turmas virtuais de contoterapia visando o fortalecimento pessoal e profissional de quem participa. Maiores informações podem ser obtidas em seu Instagram.
O que é a contoterapia?
A contoterapia é uma abordagem terapêutica leve, lúdica e que, ao mesmo tempo, mexe com coisas profundas em nós, que utiliza histórias e narrativas como ferramentas para promover o bem-estar emocional e psicológico. A linguagem simbólica é o primeiro recurso que se esconde por trás das histórias e utilizamos dessa linguagem para extrair aquilo que não é um conteúdo manifesto, mas está lá latente causando sofrimento interno, causando padrões e comportamentos nocivos.
Por meio dos contos, as pessoas se identificam com os personagens, os enredos e o simbolismo. Os contos “driblam” as nossas resistências psíquicas, pois, quando estamos falando do personagem, não estamos falando diretamente da nossa dor. A pessoa tende a projetar seus próprios conflitos e desejos inconscientes nos personagens, permitindo uma identificação segura e direta com os problemas apresentados na história.
As histórias simbólicas projetam fora aquilo que está acontecendo dentro de você, pois é mais fácil enxergarmos nossos problemas quando percebemos que outras pessoas passam pela mesma situação ou que suas histórias possuem pontos comuns com as nossas, causando uma redução das resistências inconscientes. Cada história é moldada de forma a refletir os conflitos e os objetivos específicos de cada paciente, mas, no fundo, é sempre sobre nós, não sobre os contos.
Como funciona na prática?
A contoterapia pode ser aplicada tanto em atendimentos individuais quanto em grupos. Utilizamos contos como ponto de partida para a reflexão. A partir da identificação com a história, o paciente acessa emoções, revisita memórias e elabora novos significados para suas experiências e desenvolve novos olhares sobre si mesmo e sobre sua trajetória. Esse processo estimula o autoconhecimento, fortalece a resiliência emocional e abre caminhos para mudanças internas profundas.
Quais os benefícios?
A contoterapia vai se ater principalmente ao desenvolvimento humano, como autoconhecimento, confiança, autoestima, melhoria na comunicação e expressão, permitindo que os pacientes enxerguem suas histórias sob novas perspectivas.
Para quem é indicada?
As histórias podem ser ouvidas sem restrições por crianças, adolescentes e adultos, mas não vai lidar com transtornos mentais, e temos que ter isso bastante claro na aplicabilidade. A contoterapia é inclusiva e pode ser associada a outras abordagens e em diversas áreas da vida. Além disso, tem sido utilizada com excelentes resultados em ambientes corporativos, ajudando profissionais a lidarem com estresse e desafios emocionais no trabalho.