Em muitas fases da vida, as pessoas conceituam o jeito de ser feliz de inúmeras formas. Para alguns, a felicidade é descobrir um amor verdadeiro ou uma relação amorosa tranquila, entretanto, para outras é conquistar a fama, o poder ou obter muito dinheiro.
Nesse vai e vem na busca da felicidade, podemos afirmar que o intuito principal dos seres humanos é conquistar o bem-estar físico e emocional, atenuando as dores e os sofrimentos. Porém, nem sempre conseguem se livrar das mazelas do dia a dia, como o estresse, a ansiedade etc. Infelizmente, nem todos conseguem atingir a harmonia, a concórdia, mesmo tendo dinheiro, poder, fama ou o amor desejado.
Completa harmonia
Por isso, existem sempre em nossa mente vários questionamentos! Será que eu realmente consegui realizar os meus sonhos, de viver em plenitude e conquistar a minha paz interior? Será que a felicidade e a paz não são limitadas a um certo número de pessoas que acreditamos ser privilegiadas?
Se fosse dessa maneira, com certeza não haveria elevados indicadores de depressão, dependência química e suicídio entre os indivíduos que são considerados de alta posse financeira. Para ser feliz e ter paz interior é necessário ser dotado de um estado harmônico que qualquer ser humano pode alcançar, independente do seu poder aquisitivo, da sua religião, da sua opção sexual.
Em tese, ser feliz e ter paz íntima são etapas sentimentais de um indivíduo que desfruta de uma completa harmonia no ponto de vista da compreensão sobre a plenitude da vida.
Não é uma norma exata
Sabemos, de antemão, que a felicidade é o assunto central da existência do homem. Quem nunca se questionou “qual é a receita para ser feliz”? Diversas personalidades da literatura, diversos compositores, variados cientistas, se esforçam assiduamente para encontrar a resposta desse enigma. Acontece que a felicidade não pode ser interpretada como uma norma exata, constante e inalterável, pois ela está sujeita a um sem número de fatores, como ambiente religioso, social, econômico, pertinentes a personalidade, na sua essência existencial.
A grande maioria das pessoas costuma dizer que “ser feliz” é uma questão de saúde. Devido a esse fato, várias pesquisas assinalam que a saúde emocional está indispensavelmente associada com o bem-estar orgânico. Isto quer dizer que pessoas alegres e otimistas ficam menos doentes do que as tristes e pessimistas e, ainda, experimentam sensações mais agradáveis e confortáveis do ponto de vista salutar.
Uma questão de saúde emocional
Abordando o tema “felicidade”, Laura Kubzansky, professora de Ciências Sociais e Comportamentais e co-diretora do Centro de Saúde e Felicidade da Harvard T.H., quis saber o que acontece com o nosso cérebro quando nos mantemos positivos e felizes. Ela liderou um estudo com mais de 6 mil pessoas para o intento e descobriu que a vitalidade emocional, como entusiasmo, perseverança, compromisso na vida e habilidade de encarar as adversidades com equilíbrio emocional, reduz o risco de doenças cardiovasculares. A pesquisa ainda revelou que os sentimentos negativos, como raiva, mágoa, ressentimentos e rancor, podem gerar raízes de doenças, como câncer e cardiopatias.
Tudo isso nos faz crer que a necessidade de ser feliz quando criança também aumenta as probabilidades de uma vida adulta mais saudável, tanto física como emocionalmente. Ainda sobre os estudos de Kubazansky, ela diz que crianças educadas em ambientes harmoniosos diminuem 50% a chance de adquirir doenças cardíacas na vida adulta. O cérebro e a felicidade estão intimamente ligados por alguns neurotransmissores cerebrais, também conhecidos como “hormônios da felicidade”, como a serotonina, endorfina, dopamina e oxitocina. A função desses neurotransmissores é produzir felicidade, regozijo, prazer e bem-estar quando executamos atividades que exigem locomoção do corpo físico e emocional.
Fé e felicidade
No tocante à Psicanálise, as analogias entre religião e saúde mental são evidentes. É a religião, como Freud presumiu, malfazeja para a felicidade por gerar uma neurose obsessiva que desencadeia culpa, sexualidade reprimida e emoções suprimidas, ou ela é mais atada como satisfação e prazer.
Provas acumuladas denunciam que alguns modelos de experiências religiosas se correlacionam com preconceitos e culpa, mas, em geral, uma religiosidade ativa é associada com vários critérios de saúde mental. Pessoas ativamente religiosas são bem menos prováveis que as não religiosas a tornarem-se delinquentes, viciados em drogas e álcool, divorciarem-se e tentarem suicídio. Além disso, pesquisas científicas revelam que aqueles que são assiduamente religiosos tendem a ser fisicamente mais saudáveis contando mais tempo de vida.
Outros estudos têm revelado uma estreita correlação entre fé e a capacidade de enfrentar as crises que ocorrem ao longo da vida. Pessoas que usualmente participam de cultos religiosos registram menor incidência de distúrbios emocionais, como ansiedade e depressão. Pessoas de fé raciocinada (em qualquer religião) também tendem a se recuperarem com maior felicidade após passarem por separação conjugal, desemprego, doença grave ou sofrimento intenso. Portanto, para os seguidores de religiões, os dois melhores antídotos da satisfação com a vida têm sido saúde e religiosidade.
Isso quer dizer, então, que as pessoas religiosas são mais felizes que as não religiosas? Em resumo, podemos dizer que ter uma religião não nos torna feliz; mas ser uma pessoa religiosa nos traz mais felicidade. As razões são várias e bastante coerentes:
- As pessoas com princípios religiosos seguem um costume de vida saudável;
- Em instituições religiosas, o indivíduo se sente respeitado e estimado;
- Em todas as religiões existe esse momento de reflexão e sintonia com a oração que, elementarmente, auxilia na solução dos problemas;
- Todas as religiões propõem um significado de vida, fazendo do sujeito uma pessoa melhor, principalmente no fortalecimento do elo familiar.