Como fica a guarda compartilhada no caso de os pais morarem em cidades diferentes? Quais as repercussões jurídicas e psicológicas de uma situação como essa?
Isso pode funcionar bem quando o casal consegue ter um bom acordo. Tudo irá depender da forma como o casal parental lidou ou lida com a separação. O maior problema que pode haver na manutenção de guarda e/ou convivência é a forma como os pais encaram a separação, isto quer dizer, se há competição parental, se há alienação parental, ou se o casal parental consegue lidar com a perda e a mudança da relação. Hoje, a guarda compartilhada é lei, salvo exceções. Um processo de separação já é algo mobilizador e quando existem os filhos no meio disso, pode ficar ainda mais desafiador. A guarda compartilhada pressupõe que todas as questões relacionadas a criança/adolescente serão compartilhadas entre o casal parental, isto é decisão por escola, especialistas, atividades extras, etc. Além disso, que a convivência se dê da forma mais equânime possível. Quando os pais residem em cidades diferentes e conseguem manter uma relação parental positiva, onde não exista competição pela parentalidade, e, o entendimento da necessidade de se resguardar a vida emocional do filho (a), a guarda compartilhada tende a funcionar bem, independente da localização que o filho resida. Essa localização e entendimento deve ser primeiramente, interno, dentro de cada um. Quando um dos pais interfere de forma negativa na vida da criança/adolescente, a Justiça pode ser acionada e, se for provado, a guarda poderá ser unilateral em favor de quem possa dar a essa criança/ adolescente uma forma mais equilibrada físico e emocionalmente para se desenvolver.
Em minha experiência já observei casais parentais que residem em Estados diferentes que conseguiam manter a guarda compartilhada de uma forma saudável. Ocorre que não será possível a manutenção equânime da convivência por questões óbvias, isso terá que ser organizado com novos ajustes, como, se durante o período escolar a criança fica mais tempo com um dos pais, procura-se alinhar o período de férias ou feriados. O que se observa é que, se os pais têm maturidade para compreender que não é possível “partir a criança ao meio”, e o entendimento de que ambos – pai e mãe – são importantes para o desenvolvimento emocional da criança/adolescente, é possível administrar bem essa nova forma de viver.